StatCounter

View My Stats

01/12/24

POESIA

Helena Serôdio

 

INSÓNIA

 

 
A madrugada modelou o teu corpo subtil,
Translucido,
E eu dei-lhe a forma dos teus braços.
O sol esculpiu o teu rosto na face da aurora,
Em que os teus olhos imensos,
Plácidos como duas ilhas flutuantes,
Vogavam ao sabor da brisa….
E eu acendi astros no teu olhar,
Bebi dos teus lábios o orvalho da manhã
E devassei  o teu ser
Como se profanasse um templo…
Mas só quando tentei reter a imaterialidade das tuas mãos diáfanas
Vi que tu eras apenas uma nuvem
Imóvel no espaço,
Levada pelo vento,
Que eu cingira ao peito,
Beijando nela a tua boca 
E possuindo a tua imagem reflectida num espelho!...


DERROCADA

 

Volto todos os dias 
À terra da frustração
Depois de pairar
Montada no alado corcel do sonho.
Cansada do voo,
Cansada da terra,
Quedo-me...
Desço em mim
E não me encontro
Neste profundo poço do meu ser.
Sou como torre que tocou as núvens
E que lentamente se desfez
Ao ritmo do tempo.

Sem comentários:

View My Stats