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01/01/09

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ESTE ADMIRÁVEL MUNDO DA GANÂNCIA

Mário Faria




A nacionalização é um pecado segundo a cartilha da direita. Menos estado e melhor estado fazia (?) parte da doutrina. As privatizações ou a gestão privada prometiam todas as oportunidades, como se fossem receitas milagrosas. A queda do muro alargou os seguidores do deus mercado que, como todas as coisas simples, enquadraria todas as soluções justas para empresários, trabalhadores, produtores e consumidores.
E deve haver alguma verdade nisso, porque no sector privado não há greves. No sector público - vocacionado para a prestação de serviços sociais – o descontentamento alastra: no ensino, na saúde, na justiça, na administração interna, nos transportes e contempla na mesma luta todos os prestadores de serviços do Estado : contínuos, professores, mestres, doutores, juizes, magarefes, escriturários e magistrados. Todos do mesmo lado da barricada, como se os interesses e as perspectivas unissem umbilicalmente esse caldo tão variado de pessoas num registo homogéneo contra o Estado e o Governo da República.
Para o ensino, por exemplo, basta seguir o modelo de Arte Duncan ( o homem escolhido por Obama) uma competência em matéria de educação que criou um novo modelo : as “charter schools” que são escolas públicas cuja gestão é atribuída a entidades privadas, com e sem fins lucrativos, por contrato. A autonomia é total e o acesso é livre. Basta seguir o guião e temos o problema do ensino resolvido em Portugal.
É certo que os governos, não raramente se põem a jeito, mas dos demais trabalhadores (e sindicatos) só ouvimos queixumes públicos ou publicados, quando as empresas fecham e saem para o desemprego dezenas de trabalhadores. Mas, também nessas situações não falta quem aponte o dedo ao Estado: não há regulação nem fiscalização, a escola não prepara os licenciados e os técnicos para as exigências profissionais, a produtividade é baixa, os juros são altos, a energia anda pela hora da morte, as opções macro económicas um conjunto de equívocos que atrasa o desenvolvimento, o investimento privado e o empreendorismo.
É a insularidade, a interioridade, o centralismo, as obras públicas, os desvios orçamentais, os projectos faraónicos, as faltas no parlamento : uma desgraça. O Estado está pelas horas da morte.
Ao contrário, no sector privado centram-se todas as energias : são a locomotiva da Nação. Não fora o sector financeiro, comercial, industrial, agrícola, dos serviços e as pequenas, médias e grandes empresas em que as coisas se complicaram em função da crise internacional, e tudo estaria a funcionar sobre rodas. A culpa primeira, contudo, só pode ser do governo, que não soube prever os acontecimentos e aplicar os antídotos necessários. Já havia crise antes dela chegar, e o que foi feito : zero !
A nacionalização das dívidas do BPN e do BPP fazem parte do receituário keynesiano, uma espécie de “New Deal” com sotaque luso. Há quem defenda o contrário – que as ervas daninhas são para cortar - e há quem preveja que o paradigma do desenvolvimento tem que passar por novos modelos, que nesta fase precisam de mais estado. Ou seja: nacionalizações em todo o sector financeiro para garantir confiança e muito investimento público, pois sem uma coisa e outra a economia real não funciona, porque a virtual essa felizmente vai de boa saúde. Quando a casa estiver arrumada volta tudo à primeira forma, com o primado da iniciativa privada a tomar conta daquilo que lhe pertence por inerência, até que surjam outras donas brancas, com esquemas irresistíveis neste admirável mundo da ganância.
Dizem-nos que a crise é sistémica e tem que haver um novo paradigma. Falam, falam, mas não explicam como, quando, onde e com quem. O que me espanta é como uma dúzia de financeiros – sem estarem conluiados – conseguiram que esta crise fosse de dimensão global. Um emaranhado de interesses que se liga de forma desconexa e que tem por centro as maiores praças financeiras. É assustador pensar que o sistema afinal é tão frágil. Demasiado frágil diria e facilmente canibalizado, como se verifica. Vamos ficar à espera das receitas dos famosos do costume que sabem tudo sobre esta “porcaria”, como a evitar e como sair dela.

HOLOCAUSTOS

Alcino Silva




Já nestas páginas escrevi que os judeus criaram um holocausto, particular, privado, onde endeusaram os seus mortos, os vitimizaram para além do que foram e composto o conjunto, impuseram-no aos outros, graças a uma poderosa máquina de comunicação, oleada com dinheiro que sempre lhes sobejou. Em nome desse holocausto, muito seu, maior do que os restantes, alimentaram um outro mito, o de regressar à Terra Prometida. Com a complacência da humanidade, seduzida por essa vitimização tão propagandeada, o mundo foi complacente e permitiu que uma quantidade de judeus ocupasse um determinado território do Médio Oriente. Essa ocupação dos judeus criou um foco de guerra, de conflito, de crimes sem nome que dura há mais de 60 anos. A nação judaica não passa de um mito que a história vai destruindo cada vez que consegue ler mais uma pedra, mas essa diáspora de judeus que alimenta essa monstruosidade financeira que quase colocou o mundo à beira do abismo económico, insiste na propaganda, na tese da salvação, do deus único, verdadeiro, perante o qual o mundo se deve prostrar. Não passam, a maioria deles de fanáticos sem limites nas suas ambições e nos meios que utilizam para alcançar os seus fins. Tudo lhes é permitido. O Estado dos judeus é uma ficção, uma colagem feita em cima de um território com história milenar e berço de civilizações. O Estado dos judeus está coberto de crimes contra a humanidade desde a sua criação. Gerou mais de meia dúzia de guerras cobertas de sangue e destruição maciça de bens, em nome desse deus mitológico, sangrento, inquisitorial e selvagem. Os judeus que ocupam a Palestina conseguiram transformar um Estado que não respeita as organizações internacionais, não cumpre uma única Resolução das Nações Unidas, num monumento à barbárie com foros de legalidade, com a benevolência, a impassibilidade e a cumplicidade cobarde dessa coisa grotesca que dá pelo nome de Comunidade Internacional. Essa farsa de ser humano que dá pelo nome de Javier Solana e que não teve qualquer tremura nas mãos quando há dez anos deu ordens à frota de guerra da NATO para destruir a Jugoslávia, esconde-se agora atrás das palavras e da indignidade de quem já não passa de um cadáver adiado. Há quem defenda que o Estado dos judeus é um Estado democrático, só porque aquela comunidade realiza eleições e vota em si própria e em nome dessa pseudo democracia, tudo desculpam, quer seja, a barbárie das guerras que desencadeiam, quer seja o desafio às obrigações internacionais, quer seja a expulsão de quatro milhões de cidadãos da Palestina, quer seja, a criação do maior campo de concentração e de extermínio do mundo. Tudo a cobardia dos homens vai desculpando, talvez para nos lembrar que foram democracias que deixaram um milhão de mortos no Vietname, centenas de milhar no Iraque, destruíram a Jugoslávia para erguerem um Estado ficção com o nome de Kosovo, semearam a terra argelina com um milhão de cadáveres e todos os outros crimes que a história não apaga. No momento em que escrevo, os judeus continuam a matar e mais uma vez, impunemente e quase em silêncio não fosse ouvir-se a voz dos povos em gritos. Mais uma vez, os judeus vêm lembrar-nos que não toleram qualquer tipo de resistência à ocupação e que palestinianos bons, são os que se deixam prender ou matar. Continuam a alimentar os altares de um deus intolerante nas chamas da guerra. Os tambores não deixam de se ouvir, esses tambores diabólicos, brandidos por judeus que atrás dos seus holocaustozinhos privados, vão escondendo um outro em que mergulharam a Palestina. O Estado judaico está a um mês das eleições. Estas serão ganhas pelos candidatos que prometerem levar mais longe a selvajaria da guerra e mais palestinianos sacrificarem no holocausto privado do seu deus. Certamente que o futuro primeiro-ministro será o que conseguir convencer o eleitorado que erguerá uma pilha de cadáveres maior do que a do seu concorrente. É este o estado dos judeus que ocupa a terra da Palestina. Para completarem o seu embuste, servem-se dessa farsa de Presidente que sentaram num cadeirão em Rãm Allãh e a quem pagam para dizer palavras de conveniência. Quanto ao Hamas já prometeram destruir até ao último átomo. Os judeus sempre tiveram um sonho, certamente tão mitológico como o seu deus, o de governarem num território onde só falem as pedras.
Nestes dias frios e enquanto se contam os cadáveres na Faixa de Gaza, não consigo deixar de pensar nessas palavras cantadas de José Afonso:

“No Inverno, ganhei ódio e juro que eu não queria
No Inverno, ganhei ódio, qualquer dia, qualquer dia…”

É verdade que pouco posso fazer para além destas palavras gritadas de uma violência que nem é minha, mas que a alma não consegue esconder, mas por sobre todos esses cadáveres, enquanto puder hei-de gritar, grandessíssimos…., judeus.


A LIBERDADE ENTRE CORTINAS

António Mesquita
Silent rain (Jaume Plensa)


"Gosto imenso da minha sorte. Sei o que se espera de mim. Sou bem tratado. Não tenho nenhuma responsabilidade. Nasci escravo, escravo morrerei. Não tenho a mínima angústia."

"God, Shakespeare and me" (Woody Allen)


Em que tempos, como estes, terá parecido tão polémica a palavra liberdade, a ponto de alguns não reconhecerem nela a inspiração de tantos homens do passado?

Parece-me que a mudança aconteceu quando ela deixou de ser um ideal para passar a ser uma arma política e uma arma dos Estados. Até ainda há pouco havia o Mundo Livre e o mundo para lá da Cortina de Ferro, lembram-se?

Graças a essa divisão ideológica, tudo, no Mundo Livre, passou a ser expressão da liberdade, desde a escolha da marca do detergente até ao voto num partido da oposição. Por contraste, o outro mundo era escravo, mas não como aquele de que fala Woody. Esses escravos sofriam pela falta de liberdade que tinham os do Mundo Livre. Eram esmagados pelos seus regimes, como qualquer veleidade de democracia era esmagada pelos tanques.

Por isso, agora que já não se fala em Mundo Livre, a liberdade perdeu a sua aura e escolher entre as propostas da publicidade é só isso e nada mais. Mas talvez esta seja uma grande oportunidade para se redescobrir o verdadeiro sentido da palavra liberdade.

A liberdade, tal como muitos ainda a vêem, é uma arma da Guerra Fria. Um embuste que levava a que o mais deserdado do Mundo Livre se pudesse considerar livre em relação ao escravo do outro lado da Cortina. Na verdade, tinha a liberdade de não conseguir emprego e, talvez, morrer de fome, como agora acontece, mas sem hossanas à democracia, se é que alguma vez esteve iludido a esse ponto. Para aqueles, a liberdade nunca recuperará os seus títulos de nobreza e só o regresso da ditadura poderá fazê-los mudar de opinião

No entanto, a liberdade como autonomia e capacidade de acção é o mais prezada possível por todos os homens e todos desejariam escapar à doença ou à prisão. E ninguém pensa que um homem manietado pode ser de alguma utilidade para si ou para os outros. Mas será que a liberdade política não tem nada a ver com isto? Que o pensamento pode ser censurado e a acção cívica pode ser coarctada (em nome dos bons princípios, evidentemente) sem prejuízo de todos?

Talvez que esta ideia de liberdade seja de todos os tempos e que apenas tenha estado ocultada pelo labéu que, para alguns, atingiu as chamadas liberdades burguesas. Também, pensando nela, sabemos quais são os regimes em que ela não pode medrar para infortúnio de todos e, em primeiro lugar, dos que passam fome por reinar a ignorância e a estupidez, em vez do saber e a inteligência.

Não há nenhuma sociedade justa segundo os princípios, sem homens livres que os defendam. Porque a primeira lição da história é que não há poder nenhum que seja bom, nem que não obrigue a trair os princípios.


Início

2009

Mário Martins
Symbol of uncertainty (John Gilbert)






Sou uma pessoa comum
De mim não rezará a História
E estou aflito
A televisão não pára de me ameaçar
Ora com a incerteza das condições de vida
Ora com a certeza da sua pioria
Doutores da Economia e da Política não me poupam
Ontem com a certeza arrogante
Hoje com a ignorância desesperante
Todos de repente em estranho uníssono
Descobrem virtudes no Estado pesado e detestado
Da crise mundial ocidental
Emerge o homo global
Bum bum bum
Matam e estropiam as bombas boas
Bum bum bum
Matam e estropiam as bombas más
Como pude escapar ainda ileso
Os mortos não julgarão
O que sentirão os estropiados
E os familiares e amigos das vítimas
Incertos democratas nacionais
Pressagiam a mudança de regime
Onde já vi este filme
O ano novo não será tão incerto afinal
A cor da moda será o preto
E não será sazonal
No mundo ocidental e em Portugal




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