Hoje ouvi na Antena 1, uma
entrevista com um ex-embaixador de Portugal nas Nações Unidas, colaborador do
Diário de Notícias e comentador nas TVs, um homem politicamente de direita, a
dizer que os políticos estão a governar o país como se fosse uma junta de
freguesia.
Numa conferência realizada no dia
25 de Novembro por iniciativa do Núcleo do Porto da Associação Conquistas da
Revolução sobre “Revolução e Contra-Revolução no Portugal de Abril”, ouvi a
intervenção de um comandante da Armada, participante activo na Revolução de
Abril, a dizer que Portugal é considerado ao nível de uma junta de freguesia,
sem qualquer importância para as organizações europeias dirigidas por pessoas
que não foram e nem são eleitas.
É curioso como um homem
estruturalmente de direita, com informações privilegiadas, tem praticamente a
mesma opinião que um homem de esquerda sobre a forma da governação de Portugal
e da União Europeia.
Portugal está numa encruzilhada e
não vai escapar à grave crise que se avizinha, para já, na Europa.
A situação industrial na Europa
está a entrar num túnel bastante comprido e escuro.
Uma representante da Comissão de
Trabalhadores da VW declarou numa conferência de imprensa que a empresa vai
fechar pelo menos três fábricas na Alemanha, demitir 30 mil trabalhadores e
reduzir os salários entre 10% e 18%, e que, em 30 de Outubro, a empresa tinha
reportado uma quebra nos lucros na ordem dos 64% em termos homólogos, no 3º
trimestre. A Míele, uma empresa familiar com 125 anos, com sede na Renânia,
anunciou a transferência de parte da sua produção para a Polónia, atingindo 700
postos de trabalho. A Continental vai eliminar 7.000 empregos e fechar
fábricas. A Michelin, francesa, vai eliminar 1.500 empregos na Alemanha e
fechar fábricas. A empresa ZF, alemã, fornecedora de peças para a indústria
automóvel, vai eliminar 14.000 postos de trabalho até ao ano de 2028. A Robert
Bosch, na Alemanha, vai eliminar 5.500 postos de trabalho. A ThyssenKrupp,
aços, vai eliminar 11.000 postos de trabalho até ao ano 2030, com planos para
reduzir a força de trabalho na ordem dos 40%. A ABB, equipamentos eléctricos,
empresa sueco-suíça, vai transferir produção para os EUA e investe sobretudo na
China e na India.
A Stellantis, grupo auto, França,
dirigida até ao presente por um português, já anunciou o encerramento de uma fábrica
no Reino Unido, para lá de outras previstas.
Em Portugal muitas pequenas e
médias empresas têm desaparecido. Nestes dias foi anunciado que a Coindu,
empresa de Arcos de Valdevez, ligada ao sector automóvel, que há poucos meses
foi vendida a um grupo italiano, vai encerrar, eliminando 350 postos de
trabalho.
Verifica-se a desindustrialização
progressiva da Europa, contribuindo para isso o aumento do preço dos
combustíveis, a concorrência cada vez maior de outros produtores, que é acompanhada
por uma crise imobiliária a nível geral, do aumento do custo de vida, pelos
baixos salários e a falta de emprego.
Os problemas que se acentuam na
educação, na saúde, nas condições de vida, com uma guerra na Europa que parece
não ter fim, e que alguns defendem que deve prosseguir, falando já em serviço
militar obrigatório com a intenção de mandar os jovens para a guerra, desde que
não sejam os filhos deles, claro, está a provocar desconfianças crescentes nas
populações.
O 25 de Abril acabou com a guerra
colonial, onde morreram milhares de jovens e muitos mais ficaram estropiados e
destruídas muitas famílias. Passados 50 anos há indivíduos que defendem a
manutenção da guerra em defesa de que interesses?
Na Europa, há oitenta anos,
morreram milhões de pessoas na guerra. Os países que sofreram directamente a
guerra tiveram destruições com consequências terríveis para as respectivas
populações. Nos últimos tempos, ouve-se cada vez mais a falar na 3ª guerra
mundial. O próprio Papa, já referiu que já estamos na 3ª guerra mundial.
Dirigentes mundiais de quem depende a guerra ou a paz falam em armas nucleares
e na 3ª guerra mundial. Países do norte da Europa distribuem papéis com
instruções sobre uma possível guerra nuclear, instalando o medo nas populações.
Um major-general português,
transmontano mas a viver na linha de Cascais, comentador da CNN, em tempos
disse que a indústria de armamento da Rússia estava ultrapassada, pois estava a
montar armas com chips que obtinha de máquinas de lavar por não ter capacidade
para os fabricar, usando as mesmas palavras da presidente alemã da EU. O mesmo
general disse há uns tempos que os soldados russos aprendiam a usar as armas
através da internet e que nem tinham meias para calçar com as botas, um país
destinado a ser destruído. Sobre decisões de Putin, referiu-se que ele era um
mau jogador de xadrez e que por isso iria perder a guerra. No passado dia 18 de
Novembro, na CNN, em resposta a uma questão apresentada pela jornalista sobre
palavras de Putin sobre armas nucleares e 3ª guerra mundial, respondeu: “3ª
guerra mundial? Dá-me vontade de rir. Deve ser para crianças pequeninas acreditarem
neste tipo de narrativa”. Sobre o lançamento do novo míssil russo, disse que
era uma simples actualização de outros e que tinha materiais de origem suíça. É
um homem com informações altamente privilegiadas, pois só passados alguns dias
é que foram recuperados destroços do tal míssil, conforme foi noticiado.
Hoje, o mesmo major-general, numa
entrevista que deu a uma publicação disse que Portugal está muito atrasado na
criação de defesas para um eventual ataque nuclear dizendo que é possível
acontecer. Não sei se passou a ser uma criança pequenina para acreditar nessa
narrativa. É com gente desta que as pessoas são esclarecidas sobre o que
realmente se está a passar.
Gente deste jaez estavam à espera
que a mãe natal lhes saísse nas eleições americanas. Saiu o que eles não
queriam.
Para meditar e perceber porque
não saiu a mãe natal é bom conhecer as palavras de um político do partido
democrata, Senador Bernie Sanders, após os resultados eleitorais:
“Não devemos ficar muito
surpresos que um partido democrata que abandonou a classe trabalhadora descubra
que a classe trabalhadora o abandonou”
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