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31/07/07

O BABY-PUM




"São os valores mais baixos alguma vez registados nas estatísticas disponíveis: em 2006 nasceram em Portugal 105.351 bebés, menos 4106 que no ano anterior; e o número médio de filhos por mulher em idade fértil caiu de 1,41 para 1,36."

do "Público" de 11/7/2007

Com um passo certo, aproximamo-nos da hora das decisões dolorosas, quando o comportamento dos milhões de indivíduos que somos, respondendo aos estímulos e às inibições da realidade económica e social, aos efeitos de modelos directivos e conformativos e de políticas supostamente realistas, puser em causa o mundo tal como o vemos.

Para falar só nessa grande doença do nosso sistema: "queremos" espalhar pelos quatro cantos do país o "vínculo precário", quando os sindicatos dizem que já somos campeões nesse domínio, porque são essas as leis da economia, é a isso que nos força o mercado e a globalização.

Ora, isso é o mesmo que dizer aos jovens para adiarem todos os seus compromissos a longo prazo e todas as suas responsabilidades com o futuro. O envelhecimento galopante vem, naturalmente, a seguir.

Por isso, talvez possamos ainda vir a ganhar o prémio da competitividade, mas por nascer, ou de bengala.

Como a economia é a "última instância", mesmo para os anti-marxistas, não vamos poder alterar esse estado de coisas, a não ser que os outros países o façam também. E isso está fora de causa. Nos EEUU até se vive assim desde a conquista do Oeste.

O desafio é pois como conciliar ordens contrárias: a da economia para desvincular e a da sociedade viva (tirando os Americanos e os nómadas) para a estabilização desses vínculos.

Se vale alguma coisa a teoria da selecção natural, parece, portanto, que nos estamos a desarmar (pela auto-extinção) a prazo, mesmo se ganharmos, nos anos imediatos, o galardão da flexibilidade máxima.

Por isso é que este é um dos casos de força maior que justifica uma acção correctora por parte do Estado (que por aqui se vê não poder ser tão mínimo quanto isso), sem pôr, evidentemente, em causa a liberdade do mercado.

E talvez seja preciso compensar a falta de estabilidade dos jovens pela reprodução fortemente subsidiada (esse é que é o investimento realmente estratégico). O subsídio de que estamos a falar não tem nada a ver com o abono simbólico do antigo regime. O que se pretende é que os jovens vejam na condição de pais o maior dos serviços cívicos. À crítica de que assim faríamos mais mandriões, pode responder-se que a sociedade de consumo se encarregará de tornar qualquer subsídio intoleravelmente limitado.

A flexisegurança de que tanto se fala é demograficamente estéril, porque, não dispondo de grandes recursos, se confinará à função dum subsídio de desemprego. A contrapartida de segurança de que o país precisa não pode ser desligada do problema demográfico. Parece tempo dos especialistas incluírem no cálculo económico essa externalidade, que a ser tida em conta, revelará que este modelo não pode ser competitivo, porquanto é ruinoso.

Deixo aos economistas o pequeno problema do financiamento dum programa destes. Mas, como se dizia há uns anos atrás a propósito do nuclear, e contra a lei de Darwin, mais vale menos aptos do que extintos.

António Mesquita

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