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01/05/20

FANFARRONADAS

Manuel Joaquim


118 Times American Healthcare System Shocked The Rest Of The World(Bored Panda)



Os fanfarrões, que ainda há pouco tempo sorriam por o vírus estar a atacar violentamente a China e o Irão, hoje estão a padecer, mais do que todos os outros, do mal que desejaram.

O maior, hoje, vive uma catástrofe sanitária, económica e social de que muito poucos se lembram de ter existido equiparável. Sem serviços de saúde públicos dignos de nota, com mais de trinta milhões de trabalhadores lançados no desemprego no espaço de dois meses, com mais de 10 milhões a perderem assistência médica por não pagamento dos prémios dos seguros de saúde, a dependência quase total do exterior de medicamentos e de equipamentos sanitários, os desentendimentos políticos em pleno processo eleitoral, as pressões do grande capital para acabar com a quarentena, são alguns dos condimentos para o seu país caminhar para o desastre.

Acrescentar a estes condimentos as falências das empresas de petróleo de xisto, criadas a partir de créditos astronómicos da banca e do estado, tanto no seu país como na Ucrânia, em resultado da queda dos preços e da falta de condições para o seu armazenamento; o crédito mal parado na banca; movimentos para a secessão de estados da federação, com estruturas organizadas e públicas; governadores de estados a importarem directamente da China equipamentos sanitários para responderem às necessidades das populações sem conhecimento do governo federal, porta-aviões e outros equipamentos militares com centenas de militares infectados. 

Os conselheiros económicos, invocando a ciência económica (dominante), naturalmente em nome dos interesses do capital, defendendo que é necessário fazer take-off entre o número de mortos e a perda do PIB, pelo que é preciso dar prioridade à actividade económica. O valor da vida é muito relativa, tem a ver com a sua utilidade. Isto é, o capital tem de reproduzir-se, parado não aumenta a riqueza dos capitalistas. 

O inteligente referiu-se há poucos dias de que seria bom para matar o vírus beber lixívia. Acontece que correram para os hospitais algumas centenas de pessoas intoxicadas. Ainda há gente com muita fé no homem. Alguns, que utilizaram um outro remédio destinado à malária, também sugerido por ele, morreram. Entretanto, a OMS já alertou para a falta desse medicamento.

O governo português, aproveitando a oportunidade e as boas relações do ministro dos negócios estrangeiros com o seu chefe operacional, deveria tentar exportar o vinho do Porto e os vinhos de mesa que neste momento não são escoados dos armazéns, mesmo estando a serem oferecidos a preços vantajosos ao consumidor final e sem custos de transporte, para substituir a lixívia, pois os vinhos de qualidade destroem o vírus com mais categoria. E seria uma óptima ajuda aos produtores portugueses, que vão deparar com a mesma situação dos produtores de petróleo americanos, que não vão  conseguir armazenar a produção da próxima colheita.

Já não tendo a vitória assegurada nas próximas eleições, o inteligente vem acusar forças estrangeiras de estarem a contribuir para a sua derrota, demonstrando que está a perder o norte. Questão muito séria, pois, nestas circunstâncias criam-se por vezes manobras de diversão para desviar a atenção do eleitorado das questões internas. Normalmente é a guerra. Por isso a paz mundial poderá estar em risco.   

O outro fanfarrão, até já esteve internado com o vírus e até agradeceu a um jovem português por lhe ter salvado a vida. Engoliu tudo o que tinha dito anteriormente e já actua de forma diferente. Ignora-se se vai melhorar. As sequelas da doença ainda são desconhecidas. Sabe-se que afecta os pulmões, o coração, os rins, o sistema circulatório, a perda do olfato e do paladar, o cérebro, e outros órgãos. Este inteligente ainda conseguiu ser pai. Agora, provavelmente, já não conseguiria. De qualquer modo, parabéns para o bebé. 

Em Portugal, sabe-se que entre 15 de Março e 28 de Abril, cerca de setenta e cinco mil trabalhadores pediram subsídio de desemprego; um milhão, cento e trinta e três mil trabalhadores estão em Lay-off. Nem todos os trabalhadores desempregados têm acesso ao subsídio de desemprego. Há muitos trabalhadores e empregadores a trabalhar na economia paralela ou informal ou registada, que perderam os rendimentos das suas actividades. A precariedade é mato que as autoridades não querem resolver. Há salários na administração pública que foram aumentados ao fim de dez anos em dez euros mas os trabalhadores perdem vinte euros em resultado da passagem de escalão do IRS. Os sindicatos já reclamaram mas não são atendidos. Privilegiados no diálogo são os representantes do patronato que têm sempre as portas abertas do governo e da comunicação social. O senhor Saraiva está permanentemente nas TVs a ditar ordens. Na verdade, pretende, para o patronato, a apropriação dos recursos públicos, carta-branca para os despedimentos sem regras, cortes nos salários, alterações nas condições de trabalho e defendendo o mesmo que os conselheiros económicos do grande fanfarrão, pois a cartilha é a mesma. 

É cada vez mais evidente que sem uma nova política que permita a planificação da economia e uma nova política fiscal que tenha como centro as pessoas, uma sociedade mais igualitária, mais justa, mais equilibrada, não é possível construir um mundo melhor e de paz.

As televisões estão permanentemente a mostrar estatísticas, mapas e mais mapas, que no dia seguinte são alterados por não terem sido contabilizados números anteriores. Falam em picos, em planaltos, em linhas ascendentes e descendentes. Muitas delas parecem mais dentes de serrotes do que outra coisa.

O que me parece é que andam à procura de uma curva de distribuição normal, também chamado sino que tem o nome de um senhor que viveu entre 1777-1855, “o príncipe dos matemáticos”, assim chamado na altura. Mas para determinarem o cimo da curva, esta tem de ser padronizada, na qual intervém uma constante que resulta da razão entre o perímetro duma circunferência e o seu diâmetro, cujo nome foi oficializado por William Jones em 1706 e depois definitivamente fixado por Euler. Essa constante é o número mais conhecido da história da matemática.

1 comentário:

Octávio Silva disse...

Parabens!Certeiro, só que o alvo não é visível, devido ao gigantesco tamanho... Precisava de haver uma implosão para fazer o ajuste.

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