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30/09/07

RELATÓRIO FABRIL DE 1915

Lyonel Feininger - The factory (1950)



Ao Governador Civil do Porto

Relatório


A cerca da Fábrica de louça de Ferro esmaltado de John Minchin Júnior.

Tendo efectuado uma visita á Fábrica de louça de ferro esmaltado de John Minchin Júnior, na Rua do Freixo, desta cidade, averiguei o seguinte:

Existem: A oficina de funileiros havendo

na 1ª secção o corte de chapas de aço;
Na 2ª secção a oficina de soldadura e montagem;
Na 3ª secção a oficina de levantamento das peças ao torno ou ao martelo.

Em seguida temos uma dependência para a esmaltagem .

Nestas oficinas não se empregam materiais tóxicos , e as oficinas encontram-se regularmente ventiladas e higiénicas.

Somente na oficina de estanhagem como se emprega a solução de 10% de ácido clorídrico para a limpeza das peças e como ás vezes se faz 2ª estanhagem e as, peças ainda quentes entram naquela solução, há desenvolvimento de ácido clorídrico que tornam um pouco insalubre aquela dependência.

Segue-se a oficina propriamente da esmaltagem.

Nesta oficina os esmaltes são aplicados em massa, não havendo poeiras.

Numa dependência onde se prepara o esmalte onde se misturam as diversas substancias em que não entram substancias consideradas tóxicas.

Estas são levadas depois ao forno a 1200 graus saindo depois em uma massa vítrea que depois de pulverizada é tornada na massa a aplicar ás peças a esmaltar.

A dependência da oficina em que se limpam peças por meio do acido clorídrico a 10% não tem desenvolvimento de ácido com a oficina de esmaltagem pois as peças entram aí a frio e o operário se aí mete as mãos é porque quer.

Na oficina de esmaltagem existem também os fornos que montados como estão não dão origem a desenvolvimento de matérias tóxicas .

Há outras oficinas, como a de preparação de algumas matérias para os esmaltes, como o quartzo, feldspato etc. que agora se preparam, e confecção de tijolo, que não é insalubre, atento o modo de instalação, e a oficina de fundição.

Na secção de esmaltagem de puchadores de ferro, os esmaltes são preparados com matérias tóxicas, e nos retoques das imperfeições também são empregadas substâncias tóxicas.

Os operários que manipulam estes objectos usam umas máscaras que preservam a boca e o nariz e que filtram através de si o ar respirado por aqueles operários.

Como nesta oficina se empregam substancias tóxicas e na estanhagem há também desenvolvimento do ácido clorídrico, entendo que estas oficinas estão incluídas no nº 3 do artigo 4º da lei nº 296 e por isso para isentar as outras devem estas ficar isoladas das outras ventilando-as convenientemente.

Porto , e 1ª Circunscrição Industrial 17 de Dezembro de 1915

O Engenheiro Chefe

Assinatura ilegível


( Respeitamos a grafia da época)


Este relatório poderia enquadrar-se nas Novas Comissões Higiene e Segurança. Tem outro mérito histórico dá-nos ao pormenor como é que se organizava uma fábrica de Esmaltagem, uma das mais famosas da época.

Júlio Soares


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2 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante e muito útil!
Onde conseguiu este texto?

José Ames disse...

Encontra-se no Arquivo Distrital do Porto-Rua das Taipas. Pertence á área do Governo Civil do Porto

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