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01/04/20

RESENHA DA CRISE

Manuel Joaquim


Estados Unidos preparam o maior exercício militar na Europa em 25 anos (Público 10/12/2019)

                      

No seguimento do que tem acontecido na Europa, os partidos da direita portuguesa estiveram reunidos em Lisboa, nos dias 10 e 11 de Março, para a realização da II convenção do Movimento Europa e Liberdade – MEL, onde estiveram presentes figuras gradas desses partidos, para debateram, naturalmente, a situação política nacional e internacional. No fundo, são as preocupações cada vez mais acentuadas por estarem aparentemente afastados do poder e pelas dificuldades crescentes que o sistema capitalista enfrenta.
Há cerca de duas semanas, a seguir à reunião do MEL, um jornalista publicou num jornal diário que o presidente da República estaria a ponderar a possibilidade de constituir um governo de salvação nacional.

Rui Rio, numa entrevista dada na televisão esta semana, questionado pelo jornalista, muito provavelmente instruído para isso, sobre um possível governo de salvação nacional, disse que poderia acontecer depois de passada esta fase crítica que estamos a viver. Mas também referiu que o jornal Expresso publica várias notícias falsas sobre ele e sobre afirmações suas.

A direita espanhola também pediu a formação de um governo de salvação nacional para responder à crise. É evidente que existe uma coordenação a nível internacional. Os insistentes ataques da direita ao governo pela gestão dos serviços hospitalares, pela falta de material de segurança para o pessoal, por falta disto ou daquilo, o pedido de demissão da responsável da DGS, praticamente desde do início da crise, o ataque ao presidente da república, acusando-o de ter deixado de ser presidente e passar a ser cidadão, insere-se numa política de desgaste para criar condições que justifiquem junto da opinião pública um processo que leve a uma eventual alteração política.

Um governo de salvação nacional foi constituído já há cinco anos para afastar a direita da governação e parar as políticas de desastre nacional. Cortes desastrosos nos rendimentos das pessoas, nos serviços de saúde, enormes transferências de dinheiro para a banca, entrega de riquezas necessárias ao país a multinacionais, políticas fiscais ao serviço do grande capital.

Entre o ano de 2010 e 2015 foram retiradas dos hospitais cerca de 2.000 camas. O SNS não teve os investimentos necessários e sofreu cortes muito grandes para benefício dos privados. Em 2019 a União Europeia recomendou a cada um dos países cortes nas despesas de saúde. Os responsáveis por essas políticas de desastre são os mesmos que agora tentam afinar a voz para se aproveitarem das dificuldades que eles próprios criaram. A crise do vírus veio juntar-se à crise do sistema económico e social. A concentração e centralização do grande capital está em forte aceleração. É previsível o desaparecimento de mais alguns bancos. Muitas empresas estão a aproveitar-se da situação para despedir trabalhadores, cortarem direitos, praticar o teletrabalho com horários cada vez mais longos. Os trabalhadores, os pequenos comerciantes e industriais, os pequenos proprietários, sem rendimentos ou com rendimentos insuficientes para as suas vidas e das suas famílias, como vão viver, como vai ser possível a economia recuperar sem produção suficiente para exportar ou sem mercado interno para consumir por falta de rendimentos das famílias?

A solidariedade internacional é o que conhecemos. A posição do primeiro ministro da Itália sobre o comportamento da EU e as palavras de António Costa sobre o comportamento do ministro das finanças dos Países Baixos são esclarecedoras. Agora é o presidente do Eurogrupo, que é o Centeno, a alertar para a divisão da zona do Euro. O que já se dizia há muitos anos que a União Europeia existia para servir o grande capital é cada vez mais verdade.

A solidariedade também se manifestou nesta crise do vírus. A China enviou para Itália toneladas de material sanitário e largas dezenas de médicos e técnicos para apoio nas zonas mais difíceis. Cuba enviou especialistas para a China, Itália, Espanha, e para mais de uma dezena de países e medicamentos de sua produção que funcionam no combate ao vírus. É bom lembrar que Cuba tem uma grande experiencia no combate a vírus. Em 1981 teve que combater a febre hemorrágica do dengue que matou muitas pessoas, incluindo crianças, vírus lançado pelos EUA sobre o seu território. A Rússia enviou 13 aviões de transporte militar com tropas, equipamentos e especialistas russos. A França a enviou doentes para hospitais na Alemanha, por já não ter condições para os tratar.

Em 11 de Março passado, Trump anunciou numa comunicação ao país que o problema seria resolvido com um medicamento contra a malária, mas foi desmentido publicamente, na altura, por Anthony Fauci, director do Instituto Nacional de Alergia e Doenças infeciosas dos EUA, que o medicamento ainda não tinha sido aprovado e que não havia provas de que funcionaria. O que Trump não disse é que 10 milhões de embalagens do suposto medicamento lhe tinham sido vendidas por Israel.

A nível da EU não se conhece nenhuma iniciativa, salvo alguns países, nomeadamente a Alemanha, terem proibido a exportação de material médico. A solidariedade do país mais rico do mundo, os USA, manifestou-se enviando dois aviões nucleares que estão neste momento nos Açores. Enviando cerca de 20.000 militares, fortemente armados, para a Europa, onde se encontram mais 15.000 militares para se juntarem aos militares dos países europeus, para realização de exercícios militares nas fronteiras da Rússia, sob a bandeira da NATO. Muitos militares estão contagiados. Um bom acontecimento. Portugal vai aumentar os seus gastos com a Nato este ano.

Ontem morreram dois jovens nos EUA com vírus. O hospital recusou-se a efectuar tratamentos por não terem seguro de saúde. Entretanto, amanhã, vai aterrar um avião da Rússia nos EUA com ajuda médica a pedido de Trump a Putin. Já tinha pedido ajuda à Coreia do Sul às escondidas. Grande país.


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