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01/11/14

ÁGUA

Manuel Joaquim

Q
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A UNICEF está a desenvolver uma campanha de angariação de fundos para aliviar a carga de trabalhos que as crianças têm para terem água. A construção de sistemas de abastecimento água e de saneamento, significa mais e melhores alimentos, mais higiene, mais saúde, mais tempo para a escola e mais tempo para estudar.

Uma criança com nove anos de idade, numa aldeia de Timor Leste, Mate Restu, faça sol ou faça frio ou chuva, percorre diariamente três horas para ir buscar água para a família. Elezete, é o seu nome, tem que transportar dois bidões de 5 litros, todos os dias de manhã, antes de ir para a escola, que são mais noventa minutos a pé.

Sem água perto de casa é difícil cultivar alimentos ou criar animais. Acartá-la, provoca grandes canseiras. Assim, como é possível quebrar as cadeias do subdesenvolvimento?

No passado mês de Abril, um Amigo meu, Manuel Vitorino, jornalista, autor do blogue http://mautempocanal.blogspot.com, lançou o livro de sua autoria, "Guiné-Bissau, Um País Adiado, Crónicas na Pátria de Cabral", que relata uma segunda visita àquele país, onde descreve os problemas da pobreza, as suas causas, e o que passa com o abastecimento de água às populações.

O livro contém um trabalho muito interessante do Doutor Adriano A. Bordalo e Sá, Professor Associado de Ecologia e de Microbiologia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, que tem o título "DA ÁGUA À SAÚDE POR TERRAS DA GUINÉ". Conhece muito bem a realidade local, a vida e o comportamento das populações, o papel das chamadas ONG e os interesses que servem. Quase no final do seu trabalho escreve:"…De modelo em modelo, de golpe de estado em golpe de estado, o sonho ficou pelo caminho. Ganharam os consultores de fora, visitantes efémeros e vendedores de utopias estranhas, ganharam as elites locais incluindo as castrenses. Tentar curar a saúde descuidando o acesso à água potável, ao saneamento, à educação e à segurança alimentar contribui para perpetuar a miséria colectiva."

Há quem diga que as reservas de água potável são tão ou mais valiosas que as reservas de petróleo. Fontes energéticas alternativas ao petróleo desenvolvem-se a toda a velocidade. Sem água as populações não sobrevivem.

Hoje é óbvio que as guerras no médio oriente aconteceram por causa do petróleo. Mas já não é tão óbvio que a guerra à Líbia, a pretexto de Kadaffi, foi por causa da água. No subsolo da Líbia existem 35.000 quilómetros de reservas de água potável. Para quem está interessado no negócio da água, esta é muito mais valiosa que o petróleo, e é praticamente inesgotável. É a maior reserva de água do planeta.

A Assembleia Geral das Nações Unidas em 1993 declarou o dia 22 de Março de cada ano como o Dia Mundial da Água com vista a aumentar a consciência pública e dosgovernos sobre a importância de conservação, preservação e protecção da água. Em Portugal foi declarado o dia 1 de Outubro como o Dia Nacional da Água.

O 25 de Abril aconteceu há 40 anos e muita coisa foi feita para as populações. Electricidade, abastecimento de água, saneamento, escolas, postos médicos, etc chegaram a muitos locais. Com as alterações políticas que entretanto aconteceram os interesses das populações foram secundados ou ignorados. Por isso, existem povoações que ainda não dispõem de água canalizada. Infelizmente é o que acontece na serra algarvia, afectando mais de mil pessoas.

Uma representante das Nações Unidas que participou no Congresso Mundial da Água que se realizou em Lisboa, declarou que a dificuldade no acesso à água não é um problema financeiro ou tecnológico mas de falta de vontade política.

A Lei da Água de 2005, publicada pelo governo de então, teve como objectivo criar as condições para no futuro levar à sua privatização. O actual governo está a trabalhar para que os municípios entreguem as competências da sua distribuição à empresa Águas de Portugal. A pretexto da harmonização de tarifas entre o litoral e o interior e de problemas de investimento as tarifas vão aumentar. Está a criar as condições convenientes para entregar aos grupos económicos internacionais um sector fundamental e vital para a vida das pessoas, que é o abastecimento de água, saneamento e tratamento de resíduos, com a garantia de grandes lucros e sem necessidade de qualquer investimento pois todas as infraestruturas existentes, pagas pelas populações, serão simplesmente oferecidas.

Por isso, as pessoas não devem aceitar a privatização deste bem público.

A ÁGUA É UM BEM ESSENCIAL À VIDA

 

 

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