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01/11/13

PEDRO E PAULO

Alcino Silva

Desde há muito que a seita une na mesma solenidade, Pedro e Paulo, como se viessem do mesmo berço, passaram a ser as suas duas grandes colunas, esses pilares fundamentais onde repousam os mandamentos que nos amortalham. Pedro, pescador do Mondego foi escolhido por Angelus como pedra fundamental do bando e cabeça do corpo místico, representando aqui na terra a deusa do norte, depois de sucessivos estágios formativos em sessões de fingimento gestionário. Paulo, nascido na Pedreira, duma família séria, não pertenceu ao número daqueles que, desde o princípio, conviveram com o bando. Perseguidor do burro de Belém, converte-se aí pelo ano 94, a caminho de Braga após ter derrotado o rato mickey, tornando-se, desde então, apóstolo apaixonado da seita. Montado no burro que perseguiu, tornou-se seu apoiante quando este foi promovido a boizinho e passou a aquecer com o seu bafo os meninos na gruta da SLN, nas noites frias em que aguardavam a multiplicação do pasto.

Figuras muito diferentes pelo temperamento e pela cultura, viveram, contudo, sempre irmanados pela mesma fé e pelo mesmo amor ao bando. Pedro tem aquele ar ensimesmado, nessa fronteira entre o palerma e o atolambado. Caminha sem rumo, sem distância, sem regras. Na sua imbecilidade cismática é persistente, mas ainda o dia não nascera e já mentira três vezes. Os livros não falam, mas continuou a mentir, porque para ele a verdade é um sofisma. Paulo, é de outro nível, vogando entre o matreiro e o manhoso, estando em viagem entre a demagogia e a trafulhice, e como em toda a sua vida, também aqui chegou através de submersas águas. Porfiando na imitação do guardador de vacas e de sonhos, insiste em fazer lembrar o artista de circo que é apresentado com um longo rufo, enquanto a plateia de olhos presos no tecto da tenda ouve uma voz de fundo sublinhar o risco da habilidade. «Eu sei em quem creio», brada Paulo enquanto desenha linhas vermelhas curvilíneas, cuja ética se distingue pela impiedade com que se destaca a roubar os velhos para encher as tulhas desse 1% de crápulas que se tornaram mandadores sem lei através da violência exercida sobre os restantes 99%. Estes filhos do fascismo, vivem assemelhados na mesma crença e no mesmo amor às hostes que lhes pagam e subsidiam a vaidade e a falácia.

Pedro tornado oficial de diligências, trouxe consigo das longas paragens o mago Gaspar e quando as fantasias deste se esgotaram, com o apoio do bafo do boizinho que está em belém a aquecer o menino, socorreu-se da Maria, mas ainda esta não pousara e já se via que não era virgem, por si tinham passado apaixonadamente swaps e mais swaps. Segue agora de machete em punho, a ceifar, que este machete é impoluto, um pouco esquecido é certo, engana-se aqui e ali com esse entorpecimento dos tontos, mas age como todosos impostores que percorrem os salões dos palácios. Paulo na sua aleivosia, socorreu-se do rapaz das cervejas, soldado experiente e obediente, com essa capacidade de dizer palermices como só aos ignorantes é permitido.

Pedro e Paulo montaram um negócio no aparelho do Estado e transformaram-se numa espécie de zé do telhado do século vinte e um, roubando aos pobres para encher os ricos. Na luxúria da sua estupidez criminosa mergulharam o país na obscuridade sombria da miséria. Uma infame tríade sujeitou a lei a uma espécie de golpe de estado, sem militares e sem controlo e seguem vencedores por cima de todos os cadáveres que vão gerando.

Alguns escandalizaram-se com as palavras do banqueiro de que aguentaríamos o quanto fosse necessário, mas o banqueiro tem razão. Aguentamos 48 anos e certamente aguentaremos outros tantos. Alimento porém a esperança que ao fim dessas décadas quando a paciência se esgotar, os que então viverem, não venham a ter as mesmas dúvidas do passado, sobre se, devem internar esta canalha no Campo Pequeno ou se os mandam para a prisão, que optem antes por os enviar para uma ETAR, lhes dêem o melhor tratamento possível, como se dá aos produtos que ali entram e quando já não poluírem que os espalhem mar dentro. Talvez depois possamos viver num país decente.

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