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01/11/13

O VÍRUS

Mário Faria

A rendição repousa sobre a impotência das instituições democráticas, em particular dos Estados-Nações, diante das forças do mercado que perdeu, nos tempos que correm, o seu estatuto de instituição humana para se afirmar como uma forma quase divina com decisões sem apelo.

O capitalismo, com a queda do muro, globalizou-se, definitivamente. Os países que outrora viveram sob a tutela da União Soviética e a China renderam-se às virtudes do mercado. Parecia tudo correr bem a caminho de uma sociedade que garantia uma casa ao alcance de todos, quando o crash provocado pelo subprime abalou o chamado mundo ocidental. Cá dentro, o PS pôs-se a jeito e paga a factura pela actual banca rota do nosso país, dado o brutal endividamento do estado, das empresas e das famílias. Por arrasto, qualquer narrativa abrangível no conceito de “estado social”, ainda que benévola e moderada, é para esquecer.

Este somatório de factos, sustenta a investida dos ditos mercados para o ajuste de contas. O crescimento e o consumo não constam do programa porque não é exequível, segundo a actual cartilha; assim tornou-se inevitável mudar de táctica que passa, por agora, pelo aumento de impostos, pela redução dos custos do factor trabalho, público e privado, e pelo assalto às pensões e reformas. As privatizações fazem parte do pacote. A saúde, a edução e os transportes serão os próximos alvos. O novo paradigma do sistema, no consenso alargado de quem decide e dita as regras, é atacar a constituição para acabar de vez com os estrangulamentos que impedem a nova ordem.

Dei por mim a tentar ser bom rapaz e, para o efeito, ponderei as causas e consequências do dito programa de ajustamento, lendo e ouvindo as mais diversificadas contribuições. Não recusei argumentos, embora alguns me causassem uma certa repulsa. Talvez a ideologia não ajude, mas custa perceber que o actual programa seja capaz de produzir os efeitos previstos, ou seja: a redução da dívida e do défice, a recuperação da economia,o fim de recessão, o regresso aos mercados e a plena soberania a partir de 2014, porque até agora a receita apenas agravou a doença. Se o programa insiste na receita, só que mais dura e inflexível,levar-nos-á a um programa cautelar salvífico ou por ele matar-se-á o paciente?

Matutei, avaliei as condições inscritas no plano orçamental e, no quadro de um vasto leque de dúvidas, apenas reconheci sinais inquietantes. A meu ver, identifico no cumprimento deste plano uma sanha perigosa, discriminatória e para aplicar apenas aos servos e a outros grupos destinatários do “ ai aguentam, aguentam. Como alguém escreveu, e cito de memória, “o vírus que se propaga é o vírus mutante do fascismo e os seus pilares são a tirania, o fanatismo, a arrogância, a ignorância, a indiferença e o medo.

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