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01/03/18

O SENTIMENTO DO POVO

António Mesquita


(A batalha de Jemmapes, H. Vernet)



Antes da batalha de Jemmapes (6/11/1792) que consagrou o exército revolucionário, Danton, apoiando a Gironda na Convenção, defendia uma constituição republicana: "Se, por conseguinte, não é lícito pôr em dúvida que a França quer ser e será eternamente República, tratemos apenas de fazer uma constituição que seja a consequência desse princípio;"

E Michelet pergunta: "Grande questão de iniciativa. Tinham os republicanos, que eram uma minoria, o direito de impor a República à maioria? Tinham, porque a própria maioria, se não compreendia a República, possuía-a instintivamente, era então anti-monárquica, sentia que a realeza, cúmplice da invasão, se tornara impossível. A minoria republicana mais não fazia do que explicar e formular o que a maioria sentia, sem poder perceber bem."

"História da Revolução Francesa" (Jules Michelet)


Grande questão, de facto. Depois do que aconteceu ao mundo desde então, as boas palavras seguidas de obras execráveis, a confiança traída e, sobretudo, a monumental ignorância do que se sabe e do que se pode, todo o intérprete declarado do instinto popular e do sentimento das massas deve ser olhado com suspeita.

Danton enganava-se quanto à eternidade da República, mas Michelet sabia que estava destinado aos Franceses, depois do rei, adorar um imperador e suportar a sua descendência.

O método democrático de votar em eleições não pode exprimir nenhuma espécie de instinto, nem nenhum sentimento duradoiro. Os eleitores são mais mobili do que a donna do "Rigolletto".

Mas é uma oportunidade para alijar a canga dum mau governo. É pouco? Arranjem melhor.

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