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01/07/11

O CAVALO DO INGLÊS

Mário Faria


http://www.elfwood.com/art/c/e/cel/death_horse




O cego cifrão conduz a rapar o fundo da panela, para vender em hasta pública, em baixa de mercado, património do Estado. Conduz à confrangedora insensibilidade a cortes brutais no investimento, a par de uma crença natural num mítico aumento das exportações. Conduz à assunção de medidas extraordinárias como as que (hoje) foram divulgadas, oficialmente.

Foi no dia 30 de Junho de 2011 que ficamos a saber o programa do novo governo que materializa todo o programa que a troika estabeleceu e a congénere nacional subscreveu. Foi mais longe : instituiu um novo imposto que vai ser tributado e será aplicado sobre o subsídio de Natal do corrente ano, e foi anunciado por Passos Coelho de forma solene.

Fazer o mal todo de uma vez e o bem aos poucos (conselho de Maquiavel ao Príncipe) parece ser a estratégia do governo. Descortina-se, por detrás da retórica política do actual executivo, uma estética de combate ao chamado estado social, em que prevalece, de forma clara, as receitas neo-liberais, de volta e em força ao panorama político europeu.

O cavalo do inglês, quando (finalmente) se tinha habituado, com êxito, a viver sem comer, morreu ! A imensa maioria da população portuguesa, que vai sofrer dolorosamente os efeitos devastadores destas medidas, quando estiver finalmente convencida da sua bondade, está pobre, sem esperança e como única perspectiva assistir à expulsão do país da primeira divisão europeia, para passar automaticamente para o grupo dos países párias, excomungados pelos seus pares e ímpares.

A Europa tornou-se um pesadelo. O sonho de uma Europa unida já era e, entretanto, perdemos instrumentos para combater a presente crise de forma soberana. Como soberana resta (exclusivamente) a dívida. Do orgulhosamente sós, passamos a andar nas melhores companhias e fomos considerados, durante algum tempo, bons alunos e bons rapazes. Hoje, tendemos a ser remetidos para a sarjeta pelos nobres companheiros, para ficarmos orgulhosamente sós ou mal acompanhados.

Triste ! Que se falidem todos...

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