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01/04/10

NOTÍCIAS DO ÉTER

Mário Martins


Enquanto o popular PSD, esse partido único da cena política portuguesa, nos servia um espectacular congresso televisivo, em mais um emocionante episódio da telenovela sem fim, plena de traições e intriga, da luta pelo poder naquele que é o menos ideológico dos grandes partidos portugueses, nos céus de Mafra orbitava, vigilante, a nave-telescópio Kepler, lançada pela Nasa em 6 de Março de 2009.

Como referi no meu artigo "Um pontinho azul" de Dezembro passado (Periscópio nº. 29), o objectivo é o de nos próximos 3 a 5 anos identificar planetas parecidos com o nosso e com uma orbita similar à volta de estrelas semelhantes ao Sol.

Nesse mesmo artigo informava, erradamente, que já se haviam descoberto 208 exoplanetas (planetas que orbitam em torno de uma estrela fora do nosso sistema solar). Na verdade, como se pode verificar em PlanetQuest *, ascende já a 430 (sem contar com os chamados "pulsares") o número de exoplanetas até agora descoberto, orbitando 363 estrelas.

Desses 430 exoplanetas, 5 foram recentemente descobertos pela Kepler, a orbitarem estrelas solares, mas, à semelhança de todos os outros, sem as características propícias à vida do nosso planeta. A Nasa classifica-os como "Júpiteres quentes".

Por tipo de planeta foram identificados, desde 1995 até agora, 271 "Gigantes de gás", 89 "Júpiteres quentes" e 70 "Outros".

Durante a sua missão, a Kepler estará continuamente a observar o comportamento de mais de 100.000 estrelas (mais precisamente, a variação regular e periódica da luz emitida por estes sóis, potencialmente provocada pelo trânsito ou passagem de planetas nas suas órbitas) numa zona da Via Láctea compreendida entre as constelações do Cisne e da Lira, a uma distância variável entre 600 e 3.000 anos-luz.

Seguramente que a nave-telescópio (como, aliás, era o caso do célebre astrónomo alemão dos séculos XVI e XVII que dá o nome à missão), tem uma visão muito superior à dos políticos que correm para a presidência do PSD (no momento em que escrevo ainda não se realizou a eleição), devido não só às extraordinárias características técnicas do aparelho, mas também à nota de medíocre atribuída aos candidatos pela generalidade do enxame de comentadores e analistas.

Noutra constelação, como se fossem exoplanetas, estão o PC e o BE, cada um com os seus 6% de intenções de voto, de acordo com uma sondagem recente, surpreendentemente abaixo, respectivamente, dos 7,9% e 9,8% obtidos nas eleições legislativas de há 6 meses, apesar do milhão de votos que então somaram, representar menos de 20% da população activa. Mas nada disto parece influenciar a linha de rumo dos mais ideológicos partidos parlamentares.

Neste panorama, não admira que, desta vez, a sondagem não menospreze o CDS-PP (PP de Paulo Portas…), mantendo-o firme no patamar dos 10%, e que destaque, na frente, o partido do governo, apesar das dificuldades e das suspeitas e de 64% dos inquiridos considerar mau ou muito mau o governo de José Sócrates. Candeia que vai à frente…

* http://planetquest.jpl.nasa.gov/atlas/atlas_index.cfm

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