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01/02/09

A MENTE SUBMERSA

António Mesquita
http://dfckr.com/archives/img/illustration/submersion.png



"Quando um homem entra na água até aos joelhos, ou até à cintura, pode ver a água em torno de si. Em contrapartida, se mergulhar na água, deixará de poder discernir algo de fora; tudo o que sabe é que todo o seu corpo se encontra na água. Isto é o que sucede àqueles que se deixam imbuir no olhar de Deus."

"The Enlightened Mind" (citado por Peter Sloterdijk in "O Estranhamento do Mundo")


Podemos pensar racionalmente quando percebemos em que meio estamos e por que o nosso pensamento tem a "cor" desse meio, mas que pensamos ou sentimos quando perdemos o contacto com o exterior, dentro duma espécie de placenta, seja ela mística, social ou psicotrópica?

Porque nos confrontamos, em sociedade, com seres que têm a água pelos joelhos e com outros completamente imersos. A palavra de cada um é modificada por essa circunstância. Percebemos que, no segundo caso, não estamos a lidar apenas com ideias, mas com uma visão do mundo submerso, como se o corpo todo pensasse.

Ora, esta é uma ideia próxima das teses do nosso neurocientista que acusou de erro um grande filósofo.

Deverá ser por isso que a razão falha tão clamorosamente quando tenta apaziguar dois corpos místicos, cada qual submerso no seu ectoplasma.

Não se podendo prescrever como norma higiénica o não se dever perder uma pessoa no seu elemento, dado o grande conforto afectivo dum tal estado, pode-se talvez imaginar um espaço, uma arquitectura de "despressurização" para a razão ter alguma hipótese.


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1 comentário:

Sant'Ana disse...

Mas mau mesmo, é quando o homem acha que o mundo é tão só a água a seu redor e que nada mais importa para além do seu redutor olhar de ilha...

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