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01/02/08

ESTADO DA DIREITA

Alcino Silva

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Há palavras que nos ficam retidas na memória e aqui e ali aparecem-nos no caminho da vida como exemplo sobre o que vai acontecendo. No tempo em que o quotidiano dos Homens voava nas asas do sonho cantava-se um poema que afirmava algo assim: “uma criança, dizia, dizia, quando for grande não vou combater”. Pois é verdade, trinta anos depois os filhos e netos daqueles que impuseram a paz à guerra, são enviados pelo mundo em defesa de guerras de outros, de invasões ilegais, de pretensas manutenções de paz, de proveitos alheios. Este país, ainda acolhedor, deveria ser exemplo de que forças armadas são instrumento do passado, sobretudo se derreterem dinheiro em guerras de terceiros. Seduzidos por pagamentos acima do seu normal rendimento, vemos jovens em missões mercenárias, utilizando indevidamente o nome e a bandeira de um país que não deseja guerras com ninguém, só para que alguns dos senhores do Terreiro do Paço, armem em durões e serventuários de interesses de aquém e além mar.

É ainda este país que assiste a determinados bimbos e valentões, sejam Costas ou majores que não satisfeitos com as tropelias que a sua vida profissional e não só é fértil accionam o Estado para reclamar chorudas indemnizações em nome de pretensos danos morais por acusações que a justiça não consegue ou não quer provar. É natural que num país onde os corruptos afirmam constantemente que estão de consciência tranquila exista presunção de inocência, a qual apesar da evidência dos factos para o cidadão comum, nunca se transforma em condenação. Antes pelo contrário, o acusado transforma-se em vítima e a sociedade em acusado.

Entretanto, numa democracia de partido único, apesar de cabeça dupla, por alguns denominado Partido Português do Capital, prossegue a sanha legislativa para que o partido único fique mais único. Eliminam-se as pequenas fracções em que se reúnem os cidadãos e transformam-se maiorias simples em maiorias absolutas.

Tem prosseguido com afinco o encerramento do país interior, desde escolas, centros de saúde, maternidades. Aparentemente tudo o que mexe tem destino marcado pelos laicos, republicanos e socialistas e há quem diga, também democratas.

O Luís que ameaça ficar na história como O Breve, depois de derrotar o olhinhos, veio dizer, para se distinguir do socrático governo, que desmantela o Estado em seis meses. Até o Dos Santos teve de lhe vir explicar que deveria pensar melhor, pois não é fácil, dado que os laicos, republicanos e socialistas e, ao que dizem, também democráticos, têm feito um esforço extraordinário nos últimos dois anos e ainda têm obra para andar. O Luís virou-se então para outro lado e passou a reclamar que o bolo seja também para a cabeça direita do partido único. Disse que os seus amigos também são filhos de gente. Foi tão destemperada a reclamação que outro dos ministros do governo do engenheiro Pinto de Sousa teve de vir lembrar que não se reclama assim na praça pública, que essas coisas, tratam-se nos corredores sombrios do palácio.

Por último, assistimos impávidos e serenos aos abutres a devorarem o festim que tem sido o banco erguido pelo engenheiro, outro que não aquele. Aquilo não é um off-shore é um casino de beco. Até à vermelhinha jogavam. E assim vai o país. Esgotado o filão do aeroporto e quase no fim, o do tabaco, estamos na expectativa da nova patranha que nos hão-de contar. E o país lá continua, com o povo feliz, como já o foi noutros tempos, segundo a revisão da história.

Os laicos, republicanos e socialistas, e ao que dizem, também democráticos, mais o megafone que têm na assembleia da república, põem aquele ar sério, aquela pose de Estado para parecer que têm credibilidade e são gente politicamente séria, para nos dizerem que vivemos num Estado de direito, mas já nem eles acreditam, pois na verdade, sabem tão bem como nós que estamos a viver é… num Estado da direita.

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