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01/08/23

A GUERRA DA ENERGIA

Manuel Joaquim
Guerra do Golfo de 1990 




O problema da energia e das matérias-primas sempre existiu e vai continuar a existir. Sem carvão e sem ferro não teria acontecido a revolução industrial e todo o processo de industrialização que carece desses bens em quantidades crescentes. Sem energia não há quaisquer actividades, sendo, por isso, o mais sério factor de constrangimento. Por mais que se invente, sem energia não há nada para ninguém. A disponibilização de energia e de matérias-primas condiciona todo o processo de desenvolvimento económico e social e os seus recursos são cada vez mais escassos e de acesso cada vez mais difícil. Os stocks das fontes naturais de energia, o petróleo, o gás natural, o carvão e o urânio, vão diminuindo em quantidade e qualidade. Os custos para obter energia são crescentes e economicamente cada vez mais incomportáveis O aumento dos preços dos alimentos resulta também do aumento dos preços da energia. As reservas das chamadas terras raras, com metais cada vez mais procurados para a fabricação e desenvolvimento das novas tecnologias são difíceis de obter. A natureza tem limites. E por mais que se diga que pode ser superada pela ciência e pela técnica, existem limites.  

As maiores reservas de hidrocarbonetos do mundo situam-se no Golfo Pérsico e as maiores reservas de gás natural do mundo situam-se na Rússia, no Irão e no Qatar. 

A Guerra no Golfo, 1990, a invasão do Afeganistão, 2001, do Iraque, 2003, a guerra na Líbia, as ameaças ao Irão, intervenções militares em diversos países de África e América Latina tiveram como causas a conquista de reservas de energia e de matérias-primas. Desde o século XIX, para não referir acontecimentos mais antigos, (não podendo ignorar que o trabalho (escravo) é uma fonte natural de energia) que as potências económicas imperialistas dividiram o mundo entre si de acordo os seus interesses e poderes militares, passando por duas guerras mundiais.

A rapina, apesar de continuar, já não se faz com as facilidades que existiram, pois os processos políticos que entretanto se desenvolveram e desenvolvem levaram e levam à libertação e independência dos povos.  

No início deste mês de Julho a China anunciou que irá impor controlos de exportação sobre o gálio e o germânio, metais raros, usados na produção de materiais semicondutores. A decisão foi tomada em retaliação a decisões dos USA e seus aliados contra a indústria de tecnologia da China. A China é o maior produtor mundial destes metais raros. 80% das importações dos USA desses metais raros são da China. Estarão em causa a fabricação de computadores, telemóveis, carros eléctricos e muito mais coisas. Para esta situação já tinha alertado o Jornal de Negócios em 29 de Maio de 2019 e quase todos os jornais nacionais e internacionais. A Rússia impediu a exportação de produtos de aço e titânio, alumínio, cobre e níquel e de determinados equipamentos sensíveis.

Os planos arquitectados durante anos para a destruição de países para rapinarem riquezas essenciais para ultrapassar crises de crescimento económico e recuperarem taxas de remuneração dos capitais podem sair furados em virtude da correlação de forças em termos mundiais se ter alterado.

E vão sair furados.

1 comentário:

Anónimo disse...

É ,pois, tempo de alterar o rumo do desenvolvimento cultural, económico e social, com vista a devolver ao homem a centralidade desse desenvolvimento.

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