StatCounter

View My Stats

01/05/24

HOMENAGEM

Manuel Joaquim

(António Peixoto da Costa Neves)



O meu Amigo António Peixoto da Costa Neves, o Costa Neves, o Né do Covelo, de Amarante, fez, no passado dia 20 de Março de 2024, cem anos de idade. 

A Unicepe organizou um jantar de homenagem nesse mesmo dia, que teve a participação de largas dezenas de associados e amigos. Foi uma festa muito bonita, onde o Costa Neves demonstrou a sua alegria e vivacidade, contando histórias da sua vida e declamando poemas da sua autoria. 

O STEC, Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD, realizou no passado dia 3 de Abril, nas suas instalações no Porto, uma homenagem ao seu associado e fundador com grande participação de associados, onde o Costa Neves, jovialmente, declamou e cantou diversas canções com os seus bons dotes para a música e o canto. 

A vida do Costa Neves não foi nada fácil. Numa família com vários irmãos, no dia do seu nascimento, disseram a sua Mãe que ele não iria durar muito tempo. Foi num tempo em que “de cada cinco crianças que nascem, uma não chega aos cinco anos. No vasto rancho vão-se abrindo clareiras. Muitos dos rapazes de hoje tiveram, nos primeiros anos de vida, pavorosos regimes alimentares. E viveram em insalubres habitações. As doenças roçaram os seus corpitos tenros. Uns escaparam. Um quinto ficou para trás”. São palavras de Álvaro Cunhal, no artigo “Mar de sargaços”, publicado no jornal O Diabo nº 233, de 11 de Março de 1939.

 O Pai combateu em França, na primeira guerra mundial, integrado no Corpo Expedicionário Português, onde morreram mais de cinquenta mil portugueses. Lutou em Portugal em defesa do regime republicano. A sua família, apesar de tudo, proporcionou-lhe um ambiente que o sensibilizou para as histórias, para a música e para o saber. As leituras e a influência de Ilídio Sardoeira, professor e escritor de Amarante foram determinantes para a formação intelectual de Costa Neves.

Entrar na vida activa também não foi nada fácil. É-lhe recusado um emprego na Câmara de Amarante porque o seu presidente disse que ele não ia à missa. Nos correios reprova 3 vezes: a primeira por ser míope; a segunda por sofrer do coração; a terceira por não ter robustez para o cargo. Nas Finanças é excluído depois de praticar durante um ano sem vencimento por ter assinado uma lista que defendia a realização de eleições livres. 

Costa Neves foi membro da Comissão Dinamizadora da Integração dos Empregados da CGD no Sindicato dos Bancários do Norte. Sócio fundador do STEC, sócio da Associação Nacional dos Aposentados da Caixa, sócio da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, sócio do Grupo de Amigos da Biblioteca Museu Municipal de Amarante. Membro eleito da 1ª Comissão de Trabalhadores da CGD. Fez parte da Direcção de várias colectividades de Amarante, designadamente da Banda de Música e dos Bombeiros Voluntários. Foi um dos fundadores de O Jornal de Amarante, do Orfeão Académico Amarantino e do Grupo de Teatro Os Hipopótamos dos trabalhadores da CGD. Fundador e componente dos 1ºs Grupos Corais da CGD em Lisboa e Porto. Correspondente do Jornal de Notícias em Amarante e colaborador dos jornais República, Flôr do Tâmega, Amarante Municipal, Jornal de Amarante, Nortada. Foram-lhe atribuídos vários prémios em Jogos Florais, Concurso literário 25 anos do 25 de Abril. Publicou livros de contos e de poesia. 

Quando estava em formação o Grupo Coral da Aliança Seguradora foi o Costa Neves que sugeriu o Maestro José Castro para a sua direcção por ser uma pessoa experiente, sabedora e por estar a fazer um trabalho muito positivo no Coral da CGD no Porto.

Costa Neves por ter sido coerente ao longo da sua vida é um HOMEM FELIZ. 

Poema publicado no livro GOTAS DE ORVALHO – Quadras Simples


Há muitos crentes p’r’aí
A ver passar comboios
E a confiar em promessas
De quem os julga saloios.

Até o mais avisado
Também cai na esparrela
Por dez réis de mel coado
Fica preso pela trela

Quantos foram seduzidos
P´la cantilena fatal
E agora torcem orelhas
Sem remédio para o mal?

Eles não sabem, coitados,
Que as classes dominantes
Prometem tudo mudar
Para ficar como dantes.

Tal como um biquíni,
De dimensão colossal,
Que parece mostrar tudo
Mas esconde o essencial.

Se os “apóstolos” Pedro e Paulo
O levam por mau caminho,
Que sorte poderá ter
O humilde Zé Povinho?

Este comboio sem freio
Que segue para a direita
Promete aos da sua seita
Que vai seguir pelo meio.

É por manobras como esta
Que Portugal tanto deve.
Os ricos dizem que é culpa
Da liberdade e da greve.

Por detrás deste estendal
Sente-se bem o querer
De gente que vai à missa
P´ra benesses obter.

E que vemos, afinal?
Nesta terra submissa,
Não a pátria em Portugal
Mas a pátria na Suiça.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante. Obrigada por esta referência a uma personalidade tão importante. Abraço

Anónimo disse...

Gostei muito

Anónimo disse...

Linda e merecida homenagem!

View My Stats