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01/05/24

POESIA

Helena Serôdio





EU...AINDA ?!




Pareço-me filha de mim
Quando me olho assim
No retrato que era eu...
Que abismo o tempo cavou,
Entre aquela que antes sou
E esta que sou agora!...

Linhas gastas, deformadas,
Desfeitas, todas moldadas
Por cada dor que doeu...
Cada hora...imprimiu ,
Marcou fundo e destruiu
A jovem que um dia fui.

Tempo! Ó não-coisa que mata,
Sem peso , fatal, abstracta,
Ser/não ser, fora do ser...

Mas em mim, restou intacta,
Toda una, bem exacta
A linha do meu pensar ,
Só ela é que me assume
Só essa linha me une
Inteira, assim, sempre igual.

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