Manuel Joaquim
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Fez 75 anos, em 14 de Maio, que centenas de milhares de palestinianos sofreram a destruição das suas casas, a expulsão das suas terras, homens, mulheres e crianças mortos, famílias destroçadas, com a ocupação por milhares de colonos, sobretudo europeus, por decisão política da Inglaterra e dos Estados Unidos para a criação do que veio a chamar-se Israel.
Data a que veio a chamar-se Al Nakba, que quer dizer “A catástrofe”. 75 anos de luta diária, permanente, que os palestinianos desenvolvem para reconquistar as suas terras, as suas casas. Luta de ontem e de sempre que os canais de desinformação não tratam dignamente.
Pode dizer-se que a ONU ao longo destes anos condenou sempre Israel pela sua política de ocupação de terras e de violências. Este ano, pela primeira vez, a ONU na sua sede, em Nova Iorque, comemorou o 75º aniversário do Dia da Nakba, conforme decisão da sua Assembleia Geral de 30 de Novembro de 2022, com a presença do presidente palestiniano Mahmud Abás que fez o discurso de abertura da cerimónia.
O dia 24 de Maio de 1948 foi comemorado em quase todo o mundo, na África, designadamente na Africa do Sul, Canadá, EUA, América Latina, Europa e em muitos países do Médio Oriente e Ásia.
Em Portugal, o núcleo do Porto do Conselho Português para a Paz e Cooperação, realizou uma sessão no dia 25 de Maio sob o lema “ Paz, Liberdade e Soberania”, com a presença do embaixador da Palestina em Portugal, com José António Gomes, do Movimento pelos direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, Manuela Mendonça, do SPN/Fenprof, e da Presidente do Conselho da Paz, Ilda Figueiredo.
Encontrei no livro “VAI O RIO NO ESTUÁRIO poemas de braços abertos” de Adão Cruz, médico cardiologista, grande escritor, poeta e pintor, com vários livros publicados e poemas premiados internacionalmente e várias exposições de pintura em Portugal e no estrangeiro, um poema sem tempo que transmite com uma sensibilidade extraordinária a situação na Palestina.
Com a devida autorização do autor, transcrevo o poema
Palestina
Não há sol nos céus da Palestina não há luz nos olhos daPalestina roubaram o sorriso à PalestinaSão de sangue as gotas de orvalho da madrugada e o ventosó é vento quando as balas assobiam roubaram as manhãs àPalestinaO céu de chumbo esmaga as almas e os ossos e é de lágrimasa chuva quando cai não há sol nos céus da PalestinaDo ventre da lua cheia de aço e de amargura nasce a cadahora um menino com bombas à cintura mataram a infânciana PalestinaRasgam as mães os seios com arroubos de ternura paraalimentar a raiva por cada filho que perdem outro nasce dasepultura semearam a dor na PalestinaNas casas esventradas rompem por entre as pedras leitos desofrimento onde à noite se acoitam os amantes queimando ador na paixão de um momento fizeram em pedaços o amorna Palestina.Cada instante é uma vida na vida da Palestina cadamomento uma taça de vingança clandestina cada gesto umvulcão de raiva que nem a morte amansa roubaram a paz àPalestinaNa sombra do dia ou na calada da noite cravam os vampirosnazis seus dentes de ferro no coração da Palestina não hásangue que farte a fúria assassina sangraram cobardementea PalestinaPara atirar contra os tanques uma pedra agiganta-se oódio a cada bater do coração por não haver sangue de tantosangue vertido outra força não há para erguer a mão…e darà Palestina algum sentido.
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