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30/05/23

PALESTINA

Manuel Joaquim

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Fez 75 anos, em 14 de Maio, que centenas de milhares de palestinianos sofreram a destruição das suas casas, a expulsão das suas terras, homens, mulheres e crianças mortos, famílias destroçadas, com a ocupação por milhares de colonos, sobretudo europeus, por decisão política da Inglaterra e dos Estados Unidos para a criação do que veio a chamar-se Israel.

Data a que veio a chamar-se Al Nakba, que quer dizer “A catástrofe”. 75 anos de luta diária, permanente, que os palestinianos desenvolvem para reconquistar as suas terras, as suas casas. Luta de ontem e de sempre que os canais de desinformação não tratam dignamente. 

Pode dizer-se que a ONU ao longo destes anos condenou sempre Israel pela sua política de ocupação de terras e de violências. Este ano, pela primeira vez, a ONU na sua sede, em Nova Iorque, comemorou o 75º aniversário do Dia da Nakba, conforme decisão da sua Assembleia Geral de 30 de Novembro de 2022, com a presença do presidente palestiniano Mahmud Abás que fez o discurso de abertura da cerimónia.

O dia 24 de Maio de 1948 foi comemorado em quase todo o mundo, na África, designadamente na Africa do Sul, Canadá, EUA, América Latina, Europa e em muitos países do Médio Oriente e Ásia. 

Em Portugal, o núcleo do Porto do Conselho Português para a Paz e Cooperação, realizou uma sessão no dia 25 de Maio sob o lema “ Paz, Liberdade e Soberania”, com a presença do embaixador da Palestina em Portugal, com José António Gomes, do Movimento pelos direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente, Manuela Mendonça, do SPN/Fenprof, e da Presidente do Conselho da Paz, Ilda Figueiredo.

Encontrei no livro “VAI O RIO NO ESTUÁRIO poemas de braços abertos” de Adão Cruz, médico cardiologista, grande escritor, poeta e pintor, com vários livros publicados e poemas premiados internacionalmente e várias exposições de pintura em Portugal e no estrangeiro, um poema sem tempo que transmite com uma sensibilidade extraordinária a situação na Palestina. 

Com a devida autorização do autor, transcrevo o poema 

Palestina  

Não há sol nos céus da Palestina não há luz nos olhos da
Palestina roubaram o sorriso à Palestina

São de sangue as gotas de orvalho da madrugada e o vento
só é vento quando as balas assobiam roubaram as manhãs à
Palestina

O céu de chumbo esmaga as almas e os ossos e é de lágrimas
a chuva quando cai não há sol nos céus da Palestina

Do ventre da lua cheia de aço e de amargura nasce a cada 
hora um menino com bombas à cintura mataram a infância 
na Palestina

Rasgam as mães os seios com arroubos de ternura para
alimentar a raiva por cada filho que perdem outro nasce da
sepultura semearam a dor na Palestina

Nas casas esventradas rompem por entre as pedras leitos de
sofrimento onde à noite se acoitam os amantes queimando a
dor na paixão de um momento fizeram em pedaços o amor
na Palestina.

Cada instante é uma vida na vida da Palestina cada
momento uma taça de vingança clandestina cada gesto um
vulcão de raiva que nem a morte amansa roubaram a paz à
Palestina

Na sombra do dia ou na calada da noite cravam os vampiros
nazis seus dentes de ferro no coração da Palestina não há
sangue que farte a fúria assassina sangraram cobardemente
a Palestina

Para atirar contra os tanques uma pedra agiganta-se o
ódio a cada bater do coração por não haver sangue de tanto 
sangue vertido outra força não há para erguer a mão…e dar
à Palestina algum sentido.

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