António Mesquita
«Um dia os homens deixarão os aviões, os transatlânticos, os comboios de alta velocidade, os automóveis para regressar aos caminhos do bosque.»
(Tolentino de Mendonça em "O estado do bosque" )
"A história da inteligência artificial começa muito antes da tecnologia moderna. Há séculos, filósofos como Platão e Aristóteles teorizavam sobre a capacidade da mente humana de criar ideias e raciocinar. No entanto, a primeira tentativa conhecida de criar uma máquina inteligente surgiu no século XVII, quando o filósofo e matemático alemão Gottfried Leibniz propôs a ideia de uma "calculadora universal" que pudesse manipular símbolos para realizar cálculos matemáticos.
Durante a década de 1940, pesquisadores como Alan Turing e John von Neumann desenvolveram novos algoritmos e computadores que permitiram a criação de sistemas de inteligência artificial mais complexos. Na década de 1950, o termo "inteligência artificial" foi cunhado por John McCarthy, que promoveu o acesso mais amplo à criação de sistemas inteligentes por meio de uma linguagem de programação comum.
Com o passar das décadas, a inteligência artificial desenvolveu-se rapidamente, com avanços significativos em áreas como visão computacional, reconhecimento de voz, aprendizado de máquina e robótica. Alguns dos momentos mais notáveis na história recente da inteligência artificial incluem a criação do assistente virtual Siri da Apple, o software do AlphaGo da Google sobre o melhor jogador humano em Go e os avanços na tecnologia de carros autónomos da Tesla.
Hoje, a inteligência artificial está no centro de muitas tecnologias emergentes, incluindo o blockchain, a internet das coisas e a realidade virtual. Espera-se que a tecnologia continue a desenvolver-se rapidamente nos próximos anos, criando novas oportunidades e desafios em áreas como ética, privacidade e segurança."
Este prólogo foi escrito pelo ChatGPT, com pequeníssimas correcções dos brasileirismos.
A partir daqui pretendo desenvolver a ideia de que a IA, muito mais do que as tecnologias anteriores, não vai mudar (ou ameaçar) simplesmente o emprego e forçar a humanidade a dar um "passo de gigante" para o desconhecido.
Não se pode avaliar o papel do espírito - noção mais que controversa hoje em dia - nas civilizações que apareceram à superfície da terra, tanto a inteligência e o conhecimento se confundem com ele. Diz-se o espírito da época para descrever uma cultura e uma mentalidade, o que fica longe da ideia. E é no par corpo e espírito da tradição cristã que revive o platonismo que formulou talvez a ideia mais pura.
O nome da coisa não deixa dúvidas sobre que se trata de inteligência, potenciada pelo acúmulo de dados e memória e pela espécie de diálogo com o ser humano que a partir daí se engendrou.
Se o espírito se nutre duma compreensão e absorção dessa memória tornando-a matéria de criação e de vida nunca terá de recear que uma máquina, por mais sofisticada que seja, ponha em causa a sua transcendência e superioridade.
Por outro lado, a produção da IA e a do artista ou pensador tornaram-se cada vez mais indiferenciáveis - devemos esperar que os prémios comecem a chover sobre a fotografia, o cinema, a música ou a literatura feita por "robots" - a ponto de desencorajar os artistas e os homens de pensamento. É hoje tão fácil produzir uma imagem original a partir da realidade ou dum artefacto humano que não são apenas os empregos e as vocações que estão em risco. Ninguem capaz de produzir arte instantânea ou escrever, em segundos, um texto novo que vá beber às influências que se queira, se sentirá motivado a competir com um "robot" em contínuo aperfeiçoamento.
Essa "desmoralização", essa esterilidade dos criadores humanos será um facto novo de consequências incalculáveis. Já vemos em países como a China tentativas de suprimir a dimensão política da vida dos cidadãos. Podemos imaginar o que o poder absoluto fará com uma indústria cultural inteiramente submetida e todas as formas de arte produzidas pela IA a formatar as mentes humanas. A conclusão desse processo só poderá ser distópica, com a substituição do autocrata humano pela inteligência artificial. No fundo, o que haverá de mais racional?
Há tempos assistimos a um movimento de elites a favor duma moratória no desenvolvimento da IA. Significa, em termos bíblicos, que Deus não lançaria a sua interdição sobre a árvore do conhecimento duma vez por todas. A proibição seria uma pausa, uma contenção no tempo, auto-imposta por Adão e Eva.
A maçã não escaparia para sempre ao primeiro par. O Paraíso nunca seria perdido em troca de alguma paciência e moderação. Mas nem isso é possível. O galope desenfreado é o que nos espera.
Mas Garry Kasparov, o grande xadresista derrotado em 1997 pelo "Deep Blue", não ficou desmoralizado. Continuou a jogar xadrês, a ensinar e a reflectir sobre como a tecnologia mudou o mundo. Além disso, envolveu-se na política e tornou-se crítico de Putin.
E os artistas do Renascimento italiano também não deixaram de criar e de ser eles próprios só porque Leonardo atingiu a perfeição. Haja esperança.
Finalmente, esta mensagem poderia ter sido subscrita pelo Chat GPT, porque é inteiramente racional.
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