Manuel Joaquim
José Joaquim Pereira Falcão (1841/1893) |
Como diz António
Arnaut, no excelente trabalho “Evocação de Trindade Coelho”, que teve por base
a sua intervenção em Mogadouro, em 9 de Agosto de 2008, no centenário da morte
do grande Escritor de “os Meus Amores”, “Parece que nada mudou nos últimos 100
anos!...”
A população do país, nos finais século XIX,
era em número significativamente inferior ao de hoje, a maior parte era
analfabeta e ignorante e só nos grandes centros, Lisboa, Porto e Coimbra e
pouco mais, é que havia gente letrada e com informação. “No início do último quartel do século
XIX mais de quatro quintos da população portuguesa não sabia ler,
escrever e contar”.(Prof. Doutor Amadeu Carvalho Homem).
Mas foi precisamente nos
anos 70, do século XIX, naquelas
condições de analfabetismo e de ignorância, que se iniciou a propaganda
organizada em defesa da República, não
esquecendo que já vinha de trás ideias alternativas à monarquia, apresentadas
em 1848 pelo chamado “Triunvirato Republicano”, formado por António de Oliveira
Marreca, António Rodrigues Sampaio e José Estêvão de Magalhães.
Muitos escritores
notáveis, denunciam, das mais diversas
formas, o agonizante regime monárquico,
a situação social e política que se
vivia. Júlio Dinis denuncia “que o fanatismo prostra”.
É curioso que as denúncias das situações que
afectam a sociedade portuguesa nos fins da monarquia, são já denunciadas, num tempo histórico
diferente, nas sátiras sociais de Gil Vicente, escritas nas primeiras quatro
décadas do século XVI.
Mas neste tempo de
revolução republicana, é um trabalho organizado que está em marcha, através de associações
sindicais, culturais, de socorros mútuos, de dirigentes e partidos políticos,
desenvolvendo um trabalho extraordinário de divulgação dos novos ideais
republicanos através de assembleias, de conferências, de reuniões e com a publicação de jornais, panfletos, brochuras e outros
materiais de propaganda.
Um exemplo disso, para
fazer chegar os valores da República ao maior número de pessoas possível, José
Falcão, que foi oficial do Exército, fez publicar 1884, anonimamente, um
livrinho extraordinário, utilizando o diálogo, com uma linguagem muito simples, entre um
João Portugal e o Zé Povinho, que foi a Cartilha do Povo.
Como “parece que nada
mudou nos últimos cem anos”, poderá ser útil e oportuno dar a conhecer aqui a
Cartilha do Povo, de José Falcão.
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