Manuel Joaquim
Iniciaram-se este ano, 2024, as comemorações do Quinto Centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões, que vão prolongar-se durante o ano de 2025.
Na História da Literatura Portuguesa, de Óscar Lopes, consta que “a biografia e a bibliografia de Luís Vaz de Camões levantam numerosos problemas insolúveis por falta de dados”, e refere que terá nascido em 1524/1525 e falecido em 1579/1580. Outros autores referem que faleceu em 10 de Junho de 1580.
Sabe-se que teve como tutor um tio, D. Bento de Camões, prior do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e Chanceler da Universidade, que o terá orientado na sua educação. Há muitos escritos sobre Camões mas não vi até hoje, onde ele bebeu tantos conhecimentos e cultura contidos na sua obra. Nenhuma referência a uma possível frequência da Universidade Carlos, em Praga, na altura, a mais avançada da Europa, certamente orientado pelo seu tio D. Bento, conforme alguns autores checos.
Neste tempo de comemorações, não esquecendo que em 1979, no quarto centenário do seu falecimento, alguém (Álvaro Cunhal, Festa do Avante! Em 1979) prestou-lhe homenagem dizendo que “Camões não é a voz da reacção e do colonialismo. Camões é a voz do nosso povo, dos Lusíadas, a voz da insubmissão ante os privilégios, a voz do progresso social e científico, a voz da nação portuguesa, num elevado sentido humanista”, estão e vão ser publicadas obras sobre este Homem da Renascença, que é preciso que as pessoas leiam. Os Lusíadas foram impressos em 1572 em Lisboa.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser; muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem ( se houver), as saudades.
O tempo cobre o chão de verdade manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim, converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.
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Mas um velho, de aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça descontente,
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Cum saber só de experiência feito,
Tais palavras tirou do esperto peito;
«Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
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Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
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Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.»
(Os Lusíadas, Canto IV, estrofes 94 e segs.)(Retirado do boletim “esteiro”, Setembro de 2024)
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