António Mesquita
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"Há uma palavra que ressoa desagradavelmente numa época de 'direitos iguais para todos': é a hierarquia."
(Friedrich Nietzsche)
A desigualdade não tem, em princípio, nada a ver com a hierarquia. Os bónus milionários de alguns gestores ou os privilégios de alguns políticos só existem, porque, no fundo, só o dinheiro é respeitado.
Nesta altura do ano, Hollywood fez de novo Moisés atravessar o Mar Vermelho e descer do Monte Sinai a lava da sua cólera sobre os adoradores do Bezerro de Oiro. Se muitos desses se converteram, apesar de terem a 'cerviz dura', foi porque temeram o Deus ciumento: "Amarás a Deus sobre todas as coisas." Por muito mérito que tenha o filme, ninguém pode levar a sério o pretexto bíblico. Os produtores ficariam, de resto, desapontados e, de facto, teriam dado 'um tiro no pé' no seu negócio.
Há hierarquias de todos os tipos, eclesiástica, administrativa, militar, etc., mas na origem da palavra está o poder sagrado, ou seja, algo de flagrantemente caduco nos nossos tempos. Um hierarca moderno não tem nada de transcendente acima dele, é apenas um elo da organização.
Apesar desse carácter profano e quase técnico, a hierarquia moderna precisa de um valor qualquer que a institua. Assim chegamos ao dinheiro, o 'equivalente geral' no 'reino da mercadoria'.
Outra nota do filósofo do 'Zaratustra' sobre o problema da igualdade: "quando todos temos sede de distinção",(...) "pelo contrário, prescrevem-nos que apliquemos as mesmas exigências que fazemos a outrém. Isto é de uma tal estupidez, de uma tão visível loucura! Mas esta ideia é considerada como uma ideia superior, mal se apercebe nela a contradição racional." ("La volonté de puissance").
Mas a contradição só existe porque se confunde a 'diferença' de qualidades com a diferença dos direitos cívicos...
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