Manuel Joaquim
Um Homem que vai a caminho dos 93 anos de idade, que nasceu na aldeia de Grijó, em Macedo de Cavaleiros, que pelas circunstâncias da vida de seus pais emigrou para Lisboa quando ainda não tinha dois anos de vida, manteve sempre ao longo da sua vida os contactos com a sua terra e as suas gentes, cujos valores são uma constante na sua vida.
Os seus avós paternos foram moleiros que não chegou a conhecer. Tentou comprar o moinho onde trabalhavam mas não conseguiu.
O seu avô materno, Valentim Alves, foi das pessoas que certamente o mais marcou. Foi emigrante no Brasil, fugido pelas lutas republicanas, grande leitor e anticlerical. Mantém na sua biblioteca muitos dos livros que lhe pertenceram.
Filho de um polícia, estudou, formou-se em direito, arranjou emprego numa multinacional e o meio profissional e social que passou a frequentar levou-o a relacionar-se com pessoas influentes do regime fascista e a servir esse mesmo regime.
Professor universitário em diversas instituições nacionais e internacionais, foi Subsecretário de Estado da Administração Ultramarina entre 1960 e 1961, Ministro do Ultramar entre 1961 e 1963, presidente do CDS entre 1986 e 1988, deputado à Assembleia da República entre 1979 e 1991 e Vice-Presidente da Assembleia da República entre 1991 e 1995. Quando foi ministro do Ultramar reabriu o campo de morte lenta, o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, para os presos dos movimentos de libertação das colónias portuguesas.
Em 2012 publicou um livro de memórias, “A Espuma do Tempo – Memórias do Tempo de Vésperas”, na Almedina, que já vai na 4º reimpressão. É um livro simplesmente extraordinário pela lucidez e coragem demonstradas por descrever factos ocorridos ao longo da sua vida política, importantes para um melhor conhecimento histórico do período fascista, das suas contradições e das lutas internas. A forma como se refere a algumas pessoas das muitas que refere, designadamente a Marcelo Caetano e a Mário Soares, naturalmente em patamares de análise muito diferentes, é demonstrativa da sua personalidade.
A obra abre com um texto, a que chama “Uma Simples Carta (Abril de 1974), dirigido a seus filhos, a quem transmite com uma grande sensibilidade e beleza pensamentos construídos ao longo da vida cheios de nostalgia mas também de ternura.
O Professor Doutor Adriano Moreira, não esquecendo a sua terra e as suas gentes, doou à Câmara Municipal de Bragança parte da sua biblioteca, cerca de 10 mil livros, condecorações, diplomas, títulos honoríficos, trajes académicos, esculturas africanas e objectos pessoais, estando todo este material em exposição e disponível para consulta no Centro Cultural de Bragança, Biblioteca Adriano Moreira, inaugurada em 17 de Julho de 2009.
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