Não é que não saiba que vens, que esta espera agarrada à areia é tão âncora quanto o cabelo ao vento mas esse escondo-o sob o lenço por temer que também o mar mo engula como a ti comeu e só o guardo porque ainda tenho as tuas mãos ásperas agarradas aos fios da trança que me puxavas, era a tua corda para o regresso, a barca puxada pela minha vontade de te sentir o sal a arranhar na cara, a tua, a minha, as confissões e os obrigados aos santos que não acreditamos mas que nos valeram nas palavras que mastigámos feitas espera e também as promessas, todas as que fizemos para nos obrigar a ajoelhar e a dizer que falta me fazes, que falta me fazes e afinal bastava a luz dos olhos e depressa esquecíamos, mas gritávamos, muito e perto um do outro para que o ruído do silêncio não atrapalhasse a falta, fazes-me falta.
Ainda assim partias.
Eu que sempre tive vontade de te segurar os braços e mentirosa traçava os meus ao peito jurava que livre é que serias meu e deixava-te ir. Que falta me fazes, bastava ter-to gritado a favor do vento e tu verias, virias, ainda que de remo só a vontade cortasse este mar imenso que desaguou aos nossos pés e onde mergulhas por cada vez que parece que te esqueço mas não esqueço, faço-me forte, faço de conta que hás-de voltar.
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