Mário Martins
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Todos os partidos e coligações eleitorais que elegeram deputados nas recentes eleições legislativas, obtiveram mais votos do que em 2022, à excepção de dois: o PS, que perdeu mais de meio milhão de votos e 42 deputados, constituindo-se assim no grande perdedor destas eleições, e a CDU (PCP/PEV), que voltou a ter menos votos e deputados.
A abstenção desceu cerca de 8 pontos percentuais, significando, ainda assim, a falta de comparência de mais de três milhões de portugueses em condições legais de votarem no território nacional, ou de mais de 4 milhões contando com a emigração.
Quanto à AD (PSD/CDS/PPM), citando a conhecida frase de António Costa em tempos idos, limitou-se a ganhar “por poucochinho”.
Não há, porém, como fugir à questão: o grande vencedor foi esse partido de extrema-direita, populista, ardiloso e infiável, que anda em más companhias (diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és), esse partido que dá pelo nome oficial de CHEGA obteve mais de um milhão de votos e 50 deputados.
Neste quadro, a futura governação afigura-se muito problemática, se se confirmar a ausência de acordos com o Chega e se verificar a oposição pura e dura da esquerda, situação que conduzirá, a curto prazo, à convocação de novas eleições. Não obstante, é de prever que dificilmente a direita deixará fugir esta oportunidade.
Para o colunista Miguel Esteves Cardoso o Chega não passa de um partido do contra, que “nunca mais terá uma oportunidade como esta. Ver-se-á aflito para segurar o milhão do contra”.
Já Clara Ferreira Alves é mais pessimista do que MEC, ao considerar que “O Chega, e a extrema-direita populista, capturaram os pobres e os descamisados. Os revoltados. E os jovens, que também estão revoltados.”
Para a Pluma Caprichosa “A luta de classes não foi abolida, nunca será abolida. A sociedade avançada digital, onde os robôs substituem pessoas com vantagem e os ricos ficam cada vez mais ricos, e cada vez pagam menos impostos, irá gerar absolutismos.”
“(…) A tecnologia impõe o niilismo, a submissão e a anomia. Cria uma dependência. Uma subcultura alicerçada no imediatismo, no sensacionalismo e nas baixas paixões. Mais do que combater a extrema-direita, há que combater este niilismo. Que a extrema-direita, no ímpeto revolucionário, organizador e orgânico, combate agora a seu modo, prometendo uma revolução. Por isso é bem-sucedida.”, conclui, caprichosamente, a Pluma.
Corroborando a tese de Clara Ferreira Alves de que “os jovens também estão revoltados”, circula a informação de que votaram maioritariamente à direita. O voto jovem, de que o Chega certamente arrebanhou boa parte, garante a este partido um futuro promissor enquanto “partido do contra”. Mas o entusiasmo dará lugar à desilusão uma vez participante do poder, situação que o tornará, inevitavelmente, tão permeável à corrupção e aos “tachos” como os partidos do “centrão”, mal-grado o estímulo aos partidos radicais/populistas de uma eventual vitória de Trump na eleição presidencial americana de Novembro.
Em todo o caso, não deveremos menosprezar a potencial ameaça ao regime (embora um dos seus ideólogos, Diogo Pacheco de Amorim, membro do antigo MDLP, organização conotada com actos terroristas, reclame que não são contra o regime, mas sim contra o sistema…) de uma possível liderança do governo no futuro. Lembremo-nos do exemplo, entre outros, de Orbán na Hungria, há quatorze anos no poder por via eleitoral, no quadro de restrições à liberdade de imprensa e à independência dos tribunais.
Ao menor descuido, a democracia pode virar farsa...
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