Manuel Joaquim
A dita “opinião pública” é comandada pelos média e pelas redes sociais. Estes veículos de “informação” são alimentados por grandes centrais de comunicação que dispõem de meios técnicos e de profissionais que lhes são disponibilizados pelo poder dominante e pelo grande capital. Naturalmente que são instrumentos ao serviço da luta ideológica e dos exclusivos interesses dos seus donos.
A campanha que se desenvolveu recentemente à volta dos chamados refugiados da Venezuela, independentemente da grave crise económica, social e política que este país atravessa, teve como objectivo a preparação da “opinião pública” para o derrube violento do governo de Maduro. Este foi eleito com mais votos e maior percentagem do que o Prof. Marcelo, mas isso é omitido.
Hoje, estão em marcha dezenas de milhares de migrantes de vários países da América do Sul e Central, a caminho dos EUA mas a informação é muito escassa. Trump enviou milhares de militares para as fronteiras para fazer frente a essa gente pacífica, que simplesmente foge à fome, ao desemprego, à violência. Trump chama-lhes malfeitores, delinquentes. Nove milhões de guatemaltecos vivem com menos de três dólares por dia.
As eleições no Brasil encheram-nos de notícias sempre com o ferrão espetado no candidato do PT e no PT, reflexo da intensa campanha das redes sociais e dos média brasileiros. Meteram o Lula na cadeia para o impedir de ser candidato e sem uma acusação objectiva. O golpe de estado em curso levou ao afastamento da Presidente Dilma, cujo aprofundamento se deu agora com esta eleição. Dilma foi acusada de transferir verbas dumas rubricas para outras em termos orçamentais. Se o senhor do poder judicial brasileiro que julgou Lula e Dilma viesse a Portugal, certamente que metia na cadeia vários primeiros-ministros portugueses. Esse senhor do poder judicial vai ser agora recompensado com um lugar no próximo governo e, no futuro, com um lugar no Supremo Tribunal.
As sondagens apontaram durante muito tempo para o desaparecimento do PT e do candidato do PT. Enquadradas pela campanha desenvolvida, naturalmente que as mesmas tiveram influência na votação dos cidadãos. Os resultados foram maus, mas não foram tão maus como à primeira vista pareciam ser. O vencedor teve 55, 13% - 57.797.456 votos; o vencido teve 44,87% - 47.040.819 votos; votos nulos e brancos 9,57% - 11.110.422 votos. A maior representação no Parlamento é do PT e seus aliados.
Os resultados da votação dos brasileiros em Portugal deram uma larga vitória ao candidato vencedor. Mas os resultados no Japão, França, Inglaterra e Alemanha deram uma grande vitória ao candidato do PT. Qual a explicação?
No jornal Avante!, de 26 de Junho de 2008, foi publicada uma entrevista com Jerónimo de Sousa sobre uma visita que tinha acabado de fazer ao Brasil a convite do PCdoB. Refere os importantes progressos sociais registados no segundo mandato do governo de Lula. Mas que isso não podia iludir “a questão de fundo com que se debatem as forças políticas progressistas brasileiras: sem pôr em causa o sistema capitalista não há solução para os problemas a que têm de fazer face.” Tal como na altura, neste momento “o Brasil está numa encruzilhada e terá de escolher o caminho”. E Como Mujica disse: “Não há vitórias definitivas, nem derrotas definitivas”.
Uma das grandes medidas já anunciadas pelo vencedor é liberalizar a venda de armas. Não sei se também vai incluir facas mais afiadas. Trump continua a defender a liberalização da venda de armas nos EUA. Entre Janeiro e 29 de Outubro de 2018, registaram-se 47.467 incidentes com armas de fogo nos EUA. Por este caminho o Brasil não ficará atrás.
Uma medida defendida durante a campanha e agora confirmada é a reforma da Previdência, entregando-a às companhias de seguros e bancos. É a passagem para o sistema de capitalização. Essa e outras medidas conhecidas pelos portugueses estão na forja: privatizações, venda do património público e de sectores estratégicos, precarização do trabalho, cortes na saúde e na educação.
Mas este tipo de informação faz-nos distrair de questões muito importantes que se passam na Europa. A saída dos EUA do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio – INF e a instalação de grandes quantidades de material de guerra em vários países da Europa e junto à fronteira com a Rússia, vai levar, inevitavelmente, a uma corrida aos armamentos com consequências imprevisíveis. Dirigentes alemães têm-se pronunciado criticamente considerando que “a actual situação é a mais perigosa desde o fim da guerra-fria” (Presidente da Conferência de Segurança de Munique). As crises acentuam-se. Historicamente, há quem defenda a guerra para superar crises.
Por isso, é preciso tomar consciência, “avisar toda a gente”, de que é preciso preservar a PAZ.
Em 20 de Outubro realizou-se em Loures, no Pavilhão Paz e Amizade, um grande Encontro pela Paz.
É um tema a tratar na próxima vez.
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