Mário Martins
CosmoNerd
"Existem duas possibilidades: ou estamos sozinhos no universo ou não estamos.
Ambas são igualmente aterrorizantes"
Arthur C. Clarke, escritor e inventor inglês
“Onde estão?”, foi esta a famosa pergunta que, em 1950, o não menos famoso físico italiano Enrico Fermi (prémio Nobel da Física em 1938) fez aos seus colegas quando trabalhava no Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos, a propósito da contradição (designada desde então como o paradoxo de Fermi) entre as estimativas que afirmavam haver uma alta probabilidade de existirem outras civilizações no universo observável e a falta de evidência delas.
Agora, mais de meio século depois de o astrónomo e astrofísico norte-americano, Frank Drake, ter publicado a sua célebre equação para estimar o número de civilizações extraterrestres na nossa galáxia, com as quais poderíamos ter chances de estabelecer comunicação: N = R* ∗ fp∗ ne∗ fl∗ fi∗ fc∗ L - em que R* é a taxa de formação de estrelas na nossa galáxia; fp a fracção de tais estrelas que possuem planetas em órbita; ne o número médio de planetas que potencialmente permitem o desenvolvimento de vida por estrela que tem planetas; fl a fracção dos planetas com potencial para vida que realmente desenvolvem vida; fi a fracção dos planetas que desenvolvem vida inteligente; fc a fracção dos planetas que desenvolvem vida inteligente e que têm o desejo e os meios necessários para estabelecer comunicação; e L o tempo esperado de vida de tal civilização (Wikipédia) - e dela extrair (baseado nas suas próprias pesquisas de vida inteligente extraterrestre de que foi um precursor) o resultado de 2,31 civilizações alienígenas na Via Láctea, três académicos da Universidade de Oxford, Anders Sandberg, Eric Drexler, e Tod Ord, revendo a equação de Drake “com distribuições mais realistas de incerteza”, concluíram que "há uma probabilidade de 39 a 85% de que os seres humanos estejam sozinhos no Universo observável". Note-se, no universo observável e não apenas na nossa galáxia, mas como uma garrafa tanto é meia vazia como meia cheia, também poderíamos dizer que, de acordo com o novo cálculo, há uma probabilidade de 15 a 61% de que os seres humanos não estejam sozinhos no Universo. De resto, nas declarações vindas a público, os cientistas tanto afirmam que "encontramos uma probabilidade substancial de que não haja outra vida inteligente em nosso universo observável e, portanto, não deveria haver surpresa quando não detectamos quaisquer sinais disso", como admitem que “se, apesar da baixa probabilidade, for detectada vida extraterrestre inteligente no futuro, não devemos surpreender-nos muito"…
Entretanto, cientistas da Nasa apontam para a possibilidade de, nas próximas décadas, se confirmar a existência de ETs, previsão que, no entanto, não deixa de ser conveniente para garantir os elevados investimentos públicos nos dispendiosos programas de busca…
Uma coisa parece certa: apesar da descoberta, nos últimos anos, de um número crescente de exoplanetas (planetas que orbitam outras estrelas) e, sobretudo, de exoplanetas com potencial de terem água líquida; apesar da recepção, em 1977, de um sinal de rádio extraterrestre surpreendentemente forte, apelidado de sinal Wow!, mas que não foi mais detectado; apesar das notícias mais ou menos sensacionalistas sobre Ovnis; apesar, enfim, da redução das probabilidades de existirem outras civilizações, o paradoxo de Fermi continua a desafiar-nos.
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