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01/03/16

A PROPÓSITO

Mário Faria



“….e que são necessárias medidas estruturais e reformas urgentes e profundas”, é um conceito ou uma mezinha? As duas coisas. E funciona assim: o levantamento sobre o funcionamento dos diferentes sectores da coisa pública ou privada, é sujeito a estudos exaustivos, feitos por técnicos idóneos e independentes, que acordam, depois de um trabalho árduo, que a coisa não vai nada bem. A cura reclama reformas estruturais, blá, blá, blá, e garante que a coisa vai endireitar, de forma sustentada. E, para toda a gente perceber, enumeram os benefícios que esperam colher dessas medidas. Avisam que pode ocorrer um efeito contrário, mas são pequenos acidentes de percurso que o tempo reverterá, com vantagens acrescidas. Se for um tema económico, não se esquecem de falar de inovação e de formação. Se for financeiro, a receita é uma medida de resolução que isolará os ativos problemáticos da instituição, tendo em vista a sua posterior liquidação, concentrando o essencial da atividade da instituição num Banco Bom devidamente capitalizado. E foi assim que se passou com o Novo Banco. Que continua a apresentar brutais prejuízos, apesar da doutrina do BCE e do controlo da troika. Soube-se que o calendário da venda do banco pode esperar até meados de Junho de 17; os despedimentos é que seguem de imediato. As reformas estruturais têm prioridade, pois claro.
…. “não há um projecto nacional o qual tem de ser, evidentemente, coordenado com o projecto europeu”  é uma forma enviesada para desfavorecer o actual acordo de governo. Ou seja: na falta de coragem política na denúncia da fragilidade do compromisso assumido pelos partidos de esquerda e que a política orçamental, segundo creem, veio exponenciar, armam-se em politólogos e desatam a reclamar pela falta de um projecto nacional que não querem porque têm medo. Estranho é trazer à colação a sua falta, quando as criaturas que o reclamam, sabem, reconhecem e apoiam que o nosso projecto deverá seguir em linha o europeu, no máximo respeito pelos tratados. O orçamental é inviolável. A restruturação da dívida é um assunto tabu. O email de uma alta funcionária do BCE, que informa sobre a decisão de entregar o Banif ao Santander é exemplar e sem direito a negociação da nossa parte. Vai ao ponto de ameaçar, com um aviso solene: “não percam tempo a tentar fazer passar outras propostas”.

Como escreve Pacheco Pereira, há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são.


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