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01/03/16

HITLER E SALAZAR

Mário Martins
https://www.google.pt/search?q=sauda%C3%A7%C3%A3o+fascista+salazar&


“Nós não capitularemos. Nunca. Podemos perder. Mas levaremos o mundo connosco.”
Hitler, 1945

“A consequência lógica do princípio ditatorial aqui aplicado é que muitos preparem, um só resolva e faça executar com meios bastantes.”
Salazar, 1935

“(…) Para ti foi a minha Missa, dando graças a Deus pelos dons excepcionais que te concedeu, pela missão histórica que te destinou e pelo bem que tens realizado (…).”

Carta do Cardeal-Patriarca Manuel Cerejeira a Salazar, 1944

“(…) É Portugal que tomaste nas tuas mãos, contra o Mundo.”
 Cerejeira a Salazar, 1961


Que conclusões tirar da leitura de duas biografias* renomadas destes dois ditadores?

Em primeiro lugar, que em termos de objectivos, práticas e escala, pouco têm em comum o regime nazi alemão e o regime “fascista”** português. O mesmo seria tentado a dizer sobre os principais traços comportamentais dos dois ditadores, não fossem algumas características idênticas das suas personalidades: o amor de ambos, quase doentio, pela(s) Mãe(s), a falta de afecto pelo(s) Pai(s), uma relação com as mulheres talvez a roçar a misoginia (apesar dos “casos”) e, sobretudo, a crença de serem agentes da Providência.

Em segundo lugar, que havia condições nas sociedades de então favoráveis à emergência desses regimes. No caso alemão, segundo o biógrafo inglês, a sociedade estava “traumatizada por uma guerra perdida (1914-1918), pelo tumulto revolucionário, por instabilidade política, atribulações económicas e crise cultural.”; estas condições explicariam por que Hitler “passou a ser objecto de uma adulação crescente, que mais tarde foi quase incondicional, por parte das massas (…)”. Por seu turno, o historiador português considera que “dificilmente se poderia contrariar a descrição feita por (Marcelo) Caetano do Portugal herdado por Salazar”, segundo a qual “recebeu um país arruinado, dividido, convulso, desorientado, descrente nos seus destinos, intoxicado por uma política estéril.”

A ditadura portuguesa (tal como a sua parceira espanhola) haveria ainda de sobreviver uns surpreendentes 29 anos ao fim do pesadelo nazi e à afirmação das democracias europeias. E o mínimo que se pode dizer hoje é que os ventos políticos que sopram na Europa e no Mundo não são propriamente hostis a ideias e acções extremistas e ao surgimento de novos ”salvadores providenciais”.

* “HITLER – Uma biografia”, Ian Kershaw, Expresso; “SALAZAR – Uma biografia política”, Filipe Ribeiro de Meneses, Expresso.
** “(…) se o Estado Novo era ou não um regime fascista, é uma velha questão para a qual não se vislumbra desfecho (…)”, F. R. de Meneses.

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