"Um dia em que se perguntava a Crasso se disputaria o consulado, e em que estava disposto a responder, ele deu como resposta uma bela frase: - Sim, se for útil ao Estado, se não, não."
(Paul Veyne)
Crasso, um dos homens mais ricos de sempre e peça-chave da transformação da República romana no Império, foi lacónico como convinha. Mas a sua resposta deixava a quem o juízo sobre a sua utilidade?
A democracia decerto que não poderia atribui-se uma tal presunção, porque até alguém 'com provas dadas' pode revelar-se inútil, ou mesmo prejudicial, ao povo e aos interesses do Estado.
Como se tratava de pura retórica, a negligente resposta de Crasso só podia querer dizer que seria ele próprio o juiz em tal questão.
Digamos em abono da verdade que todos os líderes, iluminados ou não, não sabendo se serão úteis, porque não o podem saber, precisam de uma grande fé em si próprios, mesmo quando encarnam uma ideia que os transcende.
A ideia de Crasso era acrescentar ao poder do dinheiro o do poder político. Por isso o império romano tem ao longo da história inspirado todos os abusos do poder, por parte dos líderes, das organizações e, principalmente, do Estado.
É preciso ter visto Lawrence Olivier, no papel de Marcus Licinius Crassus (no 'Spartacus' de Kubrick), para ter uma ideia da arrogância patrícia, assim alcandorada na sua montanha de ouro.
Mas Spartacus crucificado (e anónimo) opôs-lhe o verdadeiro desafio.
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