Manuel Joaquim
Biblioteca Almeida Garrett |
Realizou-se no passado dia 13 de Abril, no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, uma conferência sobre Soberania e Independência Nacional, promovida no âmbito das comemorações do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, onde César Príncipe, jornalista e escritor, apresentou um importante trabalho, intitulado “Máquinas de controlo social”, no qual denuncia a comunicação dita social que actualmente existe em Portugal, quem a domina e a sua função que é a da “formatação do publicado e controlo do público. Imposição do uniforme, sob a capa do colorido e do ruidoso, e de algum contraditório de baixa intensidade. O chamado arco do poder é assessorado pelo arco do dizer”. Transcreve a seguinte frase de Joseph Pulitzer, patrono de prémios de imprensa dos Estados Unidos: “Uma imprensa cínica, mercenária, demagógica ecorrupta formará um público vil como ela mesma”.
A denúncia da existência destas “máquinas de controlo social” é muito importante, pois desperta o pensamento crítico e permite perceber quem são os seus utilizadores e reais beneficiários. Impregnando toda a sociedade com a sua ideologia, através da manipulação da comunicação, aclasse dominante e seus serventuários, consideram-se os senhores do mundo, uma elite a quem está reservada a inteligência e o culto da razão.
Criticam os valores de outras classes sociais e sociedades à imagem dos seus valores e em função dos seus interesses económicos. O colonialismo, o racismo, o fascismo e o imperialismo têm na sua base esse tipo de valores particulares e desenvolveram teorias para se justificarem.
Estas “máquinas de controlo social” “preparou”, “formatou” a opinião pública mundial para aceitar a guerra no Iraque, com a justificação da existência de armas químicas, que depois se veio a confirmar que foiuma grande mentira. O objectivo da guerra, hoje claramente conhecido, foi e é a espoliação do petróleo. As centenas de milhares de mortos não contam para a história, são acontecimentos vulgares, do dia-a-dia, segundo a comunicação dita social.
A guerra no Afeganistão foi justificada pelo ataque terrorista em Nova York, que terá causado mais de três mil vítimas. As investigações sobre a autoria do ataque ainda não foram conclusivas mas o que se sabe é que já morreram centenas de milhares de pessoas.Acontecimentos sem importância, vulgares, segundo a comunicação dita social.
A guerra na Líbia desapareceu dos noticiários. Nada se sabe sobre a actual situação. Como também nada se sabe sobre os milhões que financiaram partidos da direita e sobre os milhões depositados pela Líbia em bancos portugueses e estrangeiros que não deixaram, por enquanto, qualquer rasto.
Sobre a guerra na Síria, existe uma formatação da comunicação, a informação dos agressores. Nada se diz sobre os 70.000 mercenários existentes no terreno, sobre o fornecimento de armamento e sobre o seu financiamento. Países como Arábia Saudita e Qatar são grandes exemplos de “democracia” e dos chamados valores ocidentais. Nada se diz sobre os interesses e cobiças que alimentam esta guerra.
O Presidente da República Portuguesa, Cavaco Silva, dias atrás, referiu-se que se as condições de vida das pessoas não forem respeitadas não viveremos em democracia. O actual governo foi eleito com um programa eleitoral que nunca respeitou. Tenta governar desrespeitando a legalidade constitucional e insurge-se contra um órgão de soberania que é o Tribunal Constitucional, ataca as condições de vida dos cidadãos e põe em causa a soberania nacional. A comunicação dita social tem apresentado “sob a capa do colorido e do ruidoso, e de algum contraditório de baixa intensidade” estas situaçõessem questionar a sua essência. “É o arco do dizer” do “arco do poder” como refere César Príncipe. Portugal é um bom exemplo da democracia ocidental.
A “Máquina de Controlo” está a cumprir, neste momento, um caderno de encargos que lhe foi encomendado, que tem como objectivo “preparar” a opinião pública para algo de muito importante e que poderá levar a uma guerra de consequências imprevisíveis. Não referindo o que se está a passar nos chamados países ditos ocidentais e referindo apenas o que se está a passar em Portugal, verifica-se que está em curso uma campanha contra a República Popular e Democrática da Coreia que atinge a paranóia. Todos os jornais, rádios e televisões dão notícias ou programas sobre a Coreia do Norte. José Pacheco Pereira fala sobre a ditadura na Coreia, o passo de ganso dos militares, o país mais fechado do mundo, etc. As televisões transmitem programas da BBC sobre um espião que se faz passar por turista, que descreve o país mais fechado do mundo, que está instalado num hotel de luxo com água no chão das casas de banho e com cortes de energia, que almoça no restaurante do hotel que é uma gaiola dourada e que falasobre hospitais sem doentes e sobre as estátuas de Kim II Sung. É estranho que sendo o país mais fechado do mundo como é que consegue viajar como turista integrado numa excursão e consegue realizar um filme sem ser apanhado. Outros, de forma mais subtil, falam de ditadura, do regime fechado, do domínio da razão da população, insinuandoque os cidadãos coreanos são pessoas desprovidas de inteligência. Historicamente não dizem nada. O que lhes interessa é a diversão, quer seja primária e ridícula quer seja pretensamente intelectualizada, desde que leve a água ao seu moinho.
Com pensamento crítico é fácil concluir que todos estes estão a desempenhar, de forma coordenada, a tarefa que o imperialismo lhes cometeu na luta ideológica.
Para se perceber um pouco mais sobre a situação da Coreia deve dizer-se que Kim II Sung fundou o Exército Popular Coreano, o Partido do Trabalho da Coreia e a República Popular Democrática da Coreia em 9 de Setembro de 1948. Liderou o povo coreano na luta de libertação contra o imperialismo japonês e depois contra o imperialismo norte-americano a quem impôs a sua primeira derrota na história. Na guerra morreram mais de três milhões de coreanos. Em 1954 o general McArthur, com o apoio da extrema-direita fascista americana, pretendeu lançar bombas atómicas sobre a Coreia mas foiimpedido de o fazer e foi demitido pelo presidente dos Estados Unidos. Os Estados Unidos mantêm oficialmente 50.000 militares na Coreia do Sul, armas atómicas e as mais sofisticadas armas da actualidade.
A RDPCoreia foi um dos países que resistiu às mudanças contra revolucionárias que destruíram a URSS e outros países socialistas da Europa.
É preciso estar vigilante e manter o pensamento crítico.
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