Mário Martins
Não me apetece falar de política. Direi apenas que a “espuma dos dias” a que ela, a política, se reduziu, me parece, nestes dias sombrios, uma espécie de maré negra a poluir as nossas praias, que ameaça roubar-nos o cheiro a maresia. Falarei antes, “não de touradas”, como sugeriu João Magueijo no seu inspirado artigo, mas da surpresa refrescante que é o novo Papa. Como é possível que uma hierarquia dominante tão afastada da prática dos valores cristãos tenha escolhido um papa com o gesto e a mensagem do “filho de Deus” será, com certeza, um segredo do “Espírito Santo”. Trata-se de uma jogada calculada para salvar o prestígio da Igreja Romana? Ou não se esperava que o cardeal Bergoglio adoptasse osignificativo nome de Francisco? É, em qualquer caso, impressionante que tal como, aliás, acontece nos partidos políticos (perdoe-se-me esta breve mas irresistível comparação), a “linha correcta” na Igreja seja sempre a que está. Quer dizer que o Bem e o Mal são, afinal,relativos ao que cada tempo pede? Como se estivéssemos perante a materialização do Yin e do Yang tauistas, é indubitável, para lá das legítimas interrogações, que o Papa Francisco é uma fonte de esperança para crentes ou não crentes, que, a seu modo, vem compensar este momento tão estúpido e perigoso que a humanidade vive. Que outros “budas” renasçam.
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