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01/06/25

TRAVESSIA

Manuel Joaquim



48 Anos de Salazarismo, 42 de instauração do fascismo com a publicação do Estatuto do Trabalho Nacional em 23 de Setembro de 1933, 50 anos de democracia, e agora, com as eleições realizadas no passado dia 18, um novo quadro político que se apresenta e prepara para acabar com o que ainda resta do que foi conquistado com a revolução do 25 de Abril de 1974.

Serão necessários mais 50 anos para reconquistar o que se foi perdendo ao longo do tempo e o que preparam para destruir o que ainda resta?

Em nome da estabilidade (de quem?), (“tretas e tangas”) aceitar a destruição do SNS, das bases do ensino, das leis laborais, de salários e pensões, arrastar o país para a guerra é aprofundar a instabilidade de grande parte das pessoas, é o caminho para concluir o processo contra-revolucionário e liquidar Abril. Os programas de governo de quem vai governar apontam nesse sentido. Será que vamos assistir a tudo isto, com a conivência e apoios de muitos ao arrepio de valores que apregoam?

Arlindo Oliveira, académico e investigador, publicou no jornal Público, de 5 de Maio passado, o artigo “Admirável mundo novo”, interessante para melhor perceber uma realidade que às vezes nos escapa e que passo a transcrever parcialmente:

A verdade é que em muitas democracias ocidentais uma grande parte da população tem pouca educação e uma limitada compreensão do mundo, não necessariamente por falta de capacidade intelectual inata, mas pelo subfinanciamento sistémico da educação pública, pela forte influência das religiões, pela prioridade dada à memorização mecânica em detrimento do pensamento crítico e pelo domínio da componente de aquisição rápida de factos face à discussão profunda de ideias e conceitos.”

Se tivermos presente que as notícias que vemos, ouvimos e lemos são transmitidas principalmente por seis grupos económicos, que dominam toda a comunicação, as narrativas apresentadas são para servir os seus interesses e não a verdade. São narrativas que condicionam a vontade e a decisão das pessoas.

Bárbara Reis, jornalista do Público, publicou em 28 de Maio, o seguinte: “Ventura entrevistado 61 vezes nas TV, mais do que Rio e Montenegro juntos."

Há anos que se discute se as televisões ”levavam André Ventura ao colo” dando-lhe mais voz do que aos outros políticos. Um jovem estudante de jornalismo acaba de mostrar que foi exactamente isso que aconteceu.

João Pinhal, da Universidade Nova de Lisboa, trouxe luz para o debate sobre o papel dos média na ascensão do Chega.

Pinhal que tem 20 anos, contou uma a uma, todas as entrevistas que as televisões públicas e privadas fizeram ao líder do Chega, André Ventura, e ao líder do PSD, Rui Rio ou Luís Montenegro, entre Outubro de 2019 e Julho de 2024 (este período inclui os primeiros meses de Montenegro como primeiro-ministro).

Já assistimos a várias situações em que as pessoas optaram por decisões políticas que vieram a verificar que eram contrárias aos seus interesses e arrependeram-se. Agora vamos assistir a novos arrependimentos, mais cedo do que tarde, quando começarem a sofrer as consequências das suas opções.

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