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01/06/25

JORGE MÁRIO BERGOGLIO

Mário Martins

O cardeal Bergoglio cinco anos antes da sua eleição como Papa (Foto DR)



Ouvi, em tempos, a um padre franciscano, dizer que “enquanto um jesuíta faz de um labrego um doutor, um franciscano faz de um doutor um labrego”.

Decerto que o cardeal Jorge Mário, aquando da sua eleição como Papa, escolheu o nome de Francisco, inspirado pelo exemplo de austeridade e pobreza do frade católico, que viveu e morreu em Assis, na actual Itália, no século XIII, Giovanni di Pietro di Bernardone, o qual viria a adoptar o nome de Francisco, canonizado dois anos depois do seu falecimento como S. Francisco de Assis.

O que explica o sucesso, no campo ocidental, do Papa Francisco, será a sua mensagem vertical do que devia ser, à luz da pregação de Cristo, credibilizada por uma vida simples, a qual não se confunde com a horizontalidade da arte mutável do possível que é a política.

O exemplo mais contrastante entre a mensagem papal e a acção política que marca a actualidade, é o acolhimento incondicional dos emigrantes e refugiados, que buscam melhores condições de vida ou tão-só sobreviver, defendido pelo papa que agora nos deixou, enquanto a política, acossada por demagogos, (mas também pelo medo do estranho experimentado pelas populações instaladas, a que não são alheios o choque dos costumes e os atentados de natureza religioso-civilizacional), “regula” a sua entrada e permanência.

A Moral fundada no conceito cristão de irmandade humana, esbarra na errância e pragmatismo da Política, já que a maioria dos eleitores segue e influencia os ditames políticos, mal-grado o desconforto causado pela mensagem papal, que desafia as suas consciências.

Mutatis mutandis, o mesmo se diga sobre a economia “que mata”, na expressão papal, ou sobre a corrida insana aos armamentos. Apesar de protestos aqui e ali (lá onde eles são permitidos), aceita-se passivamente o “jogo” económico vigente. Enquanto que a insânia armamentista, paradoxalmente, serviu, até agora, uma paz entre potenciais beligerantes nucleares, não permitindo, sob risco de destruição mútua, que os antagonistas extravasem certos limites.

Quer isto dizer que a Moral é dispensável? Longe disso. Na esteira de Kant (para quem, em última análise, a Moral é o que nos distingue do mundo animal), ela é uma espécie de farol de iluminação dos caminhos que, sempre que se apaga, nos conduz à perdição.

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