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01/03/25

O ESPAÇO VITAL

Mário Martins

        

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“Toda a sociedade, em um determinado grau de desenvolvimento, deve conquistar territórios onde as pessoas são menos desenvolvidas.

Um Estado deve ser do tamanho da sua capacidade de organização.”

 Friedrich Ratzel (1844-1904)

(Etnólogo e geógrafo alemão; influente pioneiro da geopolítica.)



O que deve prevalecer: a geopolítica das grandes potências ou a soberania dos países?

Se é a geopolítica, os líderes russos têm razão na guerra da Ucrânia. Ainda nos inícios da invasão o Papa citou a opinião de uma pessoa que tinha na conta de muito ponderada, segundo a qual o Ocidente andava a ladrar no quintal dos russos. E já em pleno curso da guerra o antigo “caixeiro-viajante” do presidente americano Nixon, Henry Kissinger, entretanto falecido, alertou que o seu prolongamento redundaria numa indesejável e perigosa guerra Leste/Oeste, quente ou fria.

É da natureza das grandes potências imperiais a busca incessante do que consideram ser o seu “espaço ou interesse vital”, trágica e tresloucadamente perseguido pelo regime nazi. No quadro geopolítico só existe a soberania das grandes potências, submetendo-se os países da respectiva “esfera de influência” ao seu interesse territorial ou económico-financeiro.

É hoje, porém, claro que o imperialismo americano deixou de estar sozinho - para não falar da “esfera de influência” soviética do passado, e da soberania limitada dos países nela contidos - perante a crescente concorrência dos novos imperialismos, russo e chinês, que forçam uma nova ordem mundial visando uma mais favorável partilha do mundo.

Neste contexto, é ancilosada e improdutiva uma análise política baseada na crítica unilateral do imperialismo do “Grande Satã”.

Nenhum país gosta, no entanto, de ser invadido, física ou economicamente, a não ser por corrupção dos seus líderes. Veja-se o caso português, que não se submeteu a Castela nem ao imperialismo napoleónico (com a decisiva ajuda do exército inglês); e se hoje a sua soberania é mitigada, foi porque aceitou ser parte de uma união transnacional, à qual outros almejam pertencer.

A base da geopolítica é a “lei” da força, mas pode dizer-se que perante uma agressão que viola o direito, a soberania só se defende com a mesma “lei” (e o apoio de aliados fortes, entenda-se), ainda que à custa de grandes sacrifícios e sofrimento.  

Passe a ironia, “Dura lex, sede lex”…

PS:

1 - O novo presidente dos Estados Unidos, no seu melhor estilo de agente imobiliário, logo nos primeiros dias, à questão de saber a sua posição sobre o conflito israelo-palestiniano, respondeu cinicamente que é uma guerra deles, como se os americanos estivessem de mãos lavadas e não armassem Israel até aos dentes, não se coibindo mesmo de afirmar que Gaza se encontra praticamente demolida, mas que tem potencial, bom clima, boas águas... Daí à publicitação da ideia de a transformar na “Riviera do Médio-Oriente”, enxotando os actuais residentes palestinianos, foi um pequeno passo.

2 - No seu afã radical de pôr tudo em causa, quer em termos domésticos quer mundiais, a nova administração americana e os seus gurus ocultos, não recorrem exclusivamente à substância política servida por uma maciça campanha ideológica. Também revolucionam a forma: veja-se a substituição da gravitas pelos arremedos de dança do novo inquilino da Casa Branca, ou pelo aspecto casual, com o filho às cavalitas, junto do presidente, a falar para as câmaras não sei o quê, desse génio apalhaçado e podre de rico que dá pelo nome Elon Musk

Assim vai o mundo…humano.

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