01/10/24
NO CORRER DOS DIAS
Marques da Silva
Florença, Junho. Envio-te novo postal. Desci pela costa, vagarosa e de olhar perdido. Não queria ficar e não tinha pressa de chegar. Deixei-me ir pelos dias de sol que me foram recebendo. Havia em mim uma mistura de ansiedade, de surpresa, de receio, como naqueles momentos em que nos preparamos para conhecer alguém e tememos que a realidade não corresponda à imagem que construímos antecipadamente, em alguns casos, como agora, há muito tempo enriquecida pela imaginação. Em Ravena dirigi-me para o interior, embrenhando-me na Emília-Romagna e na Toscânia. Entrei lentamente, como se levasse os olhos fechados e tivesse medo de não encontrar o que procurava. Abri-os quando me sentei num dos recantos do Giardino Bardini. Alheei-me do que me rodeava e, por fim, deixei que o olhar se abrisse para o horizonte que se estendia como uma planície. Estava tudo na minha frente e era real, até a tonalidade que cobria as pedras, os telhados, as paredes, as folhas, as árvores, apareciam como nas pinturas que tanto contemplara em madrugadas de sonho. O Arno, a Ponte Vecchio, a Campanile di Giotto e a extraordinária cúpula de Brunelleschi em Santa Maria del Fiore, a Torre de la Signoria, a Basílica de Santa Croce. A imaginação arrasta-me em viagem, desfolha-me os pensamentos, navega pela História, pelo tempo pretérito, pela soma dos dias que permitiram que os meus olhos pudessem agora apreciar a beleza construída em cima de séculos que, parecendo idílicos, guardaram poderes malignos, avarezas insuportáveis e misérias humanas sem limite. Mas ao mesmo tempo que o presente nos traz o belo secular, permite que nos rebente sobre o pensamento a violência modernizada, arrasadora nas suas explosões, ainda mais intolerável nos seus crimes. É o declinar de um mundo colonial que espoliou os povos ao longo de cinco séculos. A humanidade que constrói lugares e espaços que nos permitem o êxtase perante a magnitude do seu esforço, não impede que nos seus actos mais pérfidos seja capaz de reduzir a escombros, sejam monumentais obras de arte ou simples habitações de viver e, ontem como hoje, servindo-se de um Deus como protecção justificativa de tamanhas maldades e alguns desses criminosos são recebidos como pequenos deuses em areópagos mundiais debaixo de salvas de palmas daqueles que lhes encheram as mãos de pedras para as soltarem em gritos de selvajaria e de infâmia. Regresso a este jardim de encantado verde vigiando Florença e início a descida para me aproximar dos espaços que os olhos há tanto tempo imaginaram e construíram em sonhos, mas agora sem o temor de poder não encontrar o que tanto desejei. Caminho com essas demoras de quem não tem destino nem horário. Na Piazza di Santa Maria Soprano aproximo-me do Arno e deixo-me enlevar pelas águas que se movem ainda mais lentas do que o ritmo dos meus passos. Paro na entrada da Ponte Vecchio e não consigo esconder o sorriso que me enche a alma, pelo fascínio deste lugar tão ansiado e tão intensamente concebido. É como desembrulhar um presente que nos trazem, não sabemos o que é, mas apressamo-nos em descobrir desejando que seja algo que muito gostamos, mas sem sequer sabermos o que verdadeiramente queremos que seja. Percorro a Piazzale degli Uffizi com a solenidade de quem presta uma homenagem ao passado e à humanidade. Lembro-me do poema a Galileu e como o recitávamos juntos naquela parte em que o Mestre dizia a tudo que sim, que sim senhor, que era como suas eminências diziam, “Estava agora a lembrar-me, Galileo, daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo e tinhas à tua frente um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo a olharem-te severamente. (…) que o sol era quadrado e a Lua pentagonal e que os astros bailavam e entoavam à meia-noite louvores à harmonia universal.” E no final ríamo-nos, não do pensamento humano da época, mas das resistências que a ciência tem sempre de ultrapassar e vencer. Entro na Piazza della Signoria e sento-me nas breves escadas frente ao Palácio Vecchio. Espanto-me no volume da sua grandeza, da sua imponência. A sua torre soberba em pedra trabalhada com a sua varanda extravasando os limites das paredes, erguia-se já acima da Campanile di Giotto e igualava a cúpula de Brunelleschi. Era o desafio do poder profano sobre o religioso. Ainda não o ultrapassava, mas a posição que assumia já não permitia dúvidas. O poder económico das famílias burguesas e mercantis de Firenze reclamavam o que consideravam seu como de direito. Sabes como gosto de viajar sozinha, mas nestes lugares, nestes momentos, nestes espaços de reflexão como este onde me encontro na Piazza della Signoria, procuro-te como conforto, como amparo desta fragilidade que sinto na imensidão deste poderio que os olhos vêem e a alma sente. Caminho já no dealbar da tarde até à Piazza de San Giovanni. Santa Maria del Fiore está encerrada, o Battistério de San Giovanni também. Detenho o olhar na Porta del Paradiso e permito que as ideias fluam como uma barca num rio de águas calmas. Uma música lenta e um canto triste chegam no rumor de um crepúsculo que se aproxima. Sinto-me como se ainda fosse possível ver os Médicis entrar em Santa Maria para se despedirem de um dos seus cuja vida terminou num assassínio mortífero. Ontem como hoje eram as lutas perversas por um poder onde sobrava a ganância e a inveja e tanto carecia de justiça e de igualdade. As luzes acendem-se e fazem brilhar o lajedo das ruas de Florença. O dia partiu e a noite chegou. O postal segue em breve.
EVOCANDO CAMÕES
Manuel Joaquim
Iniciaram-se este ano, 2024, as comemorações do Quinto Centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões, que vão prolongar-se durante o ano de 2025.
Na História da Literatura Portuguesa, de Óscar Lopes, consta que “a biografia e a bibliografia de Luís Vaz de Camões levantam numerosos problemas insolúveis por falta de dados”, e refere que terá nascido em 1524/1525 e falecido em 1579/1580. Outros autores referem que faleceu em 10 de Junho de 1580.
Sabe-se que teve como tutor um tio, D. Bento de Camões, prior do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e Chanceler da Universidade, que o terá orientado na sua educação. Há muitos escritos sobre Camões mas não vi até hoje, onde ele bebeu tantos conhecimentos e cultura contidos na sua obra. Nenhuma referência a uma possível frequência da Universidade Carlos, em Praga, na altura, a mais avançada da Europa, certamente orientado pelo seu tio D. Bento, conforme alguns autores checos.
Neste tempo de comemorações, não esquecendo que em 1979, no quarto centenário do seu falecimento, alguém (Álvaro Cunhal, Festa do Avante! Em 1979) prestou-lhe homenagem dizendo que “Camões não é a voz da reacção e do colonialismo. Camões é a voz do nosso povo, dos Lusíadas, a voz da insubmissão ante os privilégios, a voz do progresso social e científico, a voz da nação portuguesa, num elevado sentido humanista”, estão e vão ser publicadas obras sobre este Homem da Renascença, que é preciso que as pessoas leiam. Os Lusíadas foram impressos em 1572 em Lisboa.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser; muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem ( se houver), as saudades.
O tempo cobre o chão de verdade manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim, converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.
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Mas um velho, de aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça descontente,
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Cum saber só de experiência feito,
Tais palavras tirou do esperto peito;
«Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
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Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
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Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.»
(Os Lusíadas, Canto IV, estrofes 94 e segs.)(Retirado do boletim “esteiro”, Setembro de 2024)
OPHELIA
Mário Martins
https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=ophelia+queiroz
“Nunca amamos alguém. Amamos tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso – em suma, é a nós mesmos – que amamos.”
Bernardo Soares/Fernando Pessoa
Livro do Desassossego
Utilizo deliberadamente a grafia usada na época para designar o nome da única “namorada” de Fernando Pessoa porque - malhas que a mobilidade ortográfica tece - tal como os opositores de hoje ao acordo ortográfico de 1990, o poeta se manifestou contra o formulário ortográfico da língua portuguesa introduzido por decreto em 1911, já que o mesmo despojava o português escrito do seu “manto régio greco-latino”.
Apesar de Pessoa ter sucumbido aos olhares de Ophelia, nunca assumiu, publicamente e para si próprio, que a “Bebé, Bebezinho, Nininha ou Vespa”, como a tratava, fosse a sua namorada. A relação amorosa, a que o poeta viria a pôr termo um escasso ano depois, não passara de umas viagens de eléctrico e de uns beijos loucos do “Fernandinho ou Nininho”, no relato, muitos anos mais tarde, de Ophelia. Esta estava apaixonada por Fernando, queria casar e constituir família com ele, mas este não queria ter na vida qualquer compromisso:
“Pertencer – eis a banalidade. Credo, ideal, mulher ou profissão – tudo isso é a cela e as algemas. Ser é estar livre.” (Livro do Desassossego).
Por isso, lhe aparecia algumas vezes como Álvaro de Campos, que ela odiava e achava maluco, “portando-se de uma maneira totalmente diferente e a dizer coisas sem nexo”, na descrição de Ophelia. Esta, que viria a casar três anos depois da morte de Pessoa, nunca deixou de se sentir apaixonada por Fernando e de o esperar, o que viria a acontecer, de modo ainda mais fugaz, dez anos depois do fim da primeira relação.
No ano da “morte”, não de Ricardo Reis, que lhe “sobreviveu”, mas do seu criador Fernando Pessoa, que viria a falecer em 30 de Novembro de 1935, operou-se uma reviravolta no pensamento e atitude do poeta e escritor, especialmente em termos políticos e sociais.
De posições, no passado, de aceitação de uma ditadura transitória que pusesse cobro à instabilidade da Primeira República; de compreensão da existência de classes sociais e até de complacência perante a escravatura:
“Aceito a injustiça como aceito uma pedra não ser redonda” (Caeiro/Pessoa).
de aversão, ele que era um feroz individualista, a toda a sorte de grupos sociais:
“Falaram-me em homens, em humanidade,
Mas eu nunca vi homens nem vi humanidade.
Vi vários homens assombrosamente diferentes entre si,
Cada um separado do outro por um espaço sem homens.”
(Caeiro/Pessoa)
passou a criticar acerbamente Salazar, sobretudo pelo cerceamento da liberdade individual que prezava acima de tudo, renegando o folheto que escrevera no passado sob o título “O Interregno – Defesa e Justificação da Ditadura Militar em Portugal”, e expondo, mesmo, o ditador ao ridículo:
Em Novembro de 1934, Salazar fez publicar a Carta Orgânica do Império Colonial Português, “que sustentava um controlo mais rígido e centralizado por parte do Estado Novo sobre as oito colónias de Portugal”, ao que Pessoa “respondeu” com uma “Carta Inorgânica do Estado Independente do Bugio” (aquele pequeno banco de areia com um farol localizado na barra do Tejo), em que o primeiro dos diversos artigos da carta afirma que as leis do Bugio serão o exacto oposto das do continente. Naturalmente que tal carta não foi publicada porque não passaria no crivo da Censura, mas também, como era típico em Pessoa, porque tantas cartas que escrevera a diversos destinatários ao longo da sua vida acabavam no baú, onde repousavam os mais diversos e fragmentados trabalhos poéticos e literários.
A criação nesse ano da Federação Nacional para a Alegria no Trabalho, conforme o modelo de idênticas organizações da Itália fascista e da Alemanha nazi, mereceria um curto poema de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa em que se fazia uma
“Saudação a todos quantos querem ser felizes: Saúde e estupidez!”
Na cerimónia de atribuição dos prémios literários do Secretariado da Propaganda Nacional, a que Pessoa concorrera com o único livro da sua poesia portuguesa publicado em vida, Mensagem, à qual não compareceu, Salazar proferiu um discurso em que defendeu, como é próprio das ditaduras, que as obras dos escritores deviam não só observar “certas limitações, mas também algumas directrizes definidas pelos princípios morais e patrióticos do Estado Novo.”, justificando a Censura. E citou Séneca: “Em estantes altas até ao tecto, adornam o aposento do preguiçoso todos os arrazoados e crónicas.” Pessoa, considerando estas declarações um ataque aos escritores, “responde” ironicamente com o poema “Liberdade”:
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doura
Sem literatura.
(…)
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca…
A mudança drástica do seu pensamento transparece na máxima “Tudo pelo Indivíduo, nada contra a Sociedade; tudo pela Humanidade, nada contra a Nação; tudo pela Igualdade, nada contra a Liberdade.”, que sucederia a “Tudo pela Humanidade, nada contra a Nação” que opôs à de Salazar e do seu Estado Novo: “Tudo pela Nação, nada contra a Nação.”
Concluiria a sua vida com uma autodefinição:
“Sou a cena nua onde passam vários actores representando várias peças. O que sou essencialmente – por trás das máscaras involuntárias do poeta, do raciocinador e do que mais haja – é dramaturgo.”
Uma nota final: esta notável biografia, da autoria de Richard Zenith, tendo sido publicada originalmente em inglês, parece-me ter merecido de Salvato Teles de Menezes e Vasco Teles de Menezes, uma tradução para português ao nível da obra biográfica.
POESIA
Helena SerôdioESTRELA CADENTEA noite tombouImersa na sombra.Esvaída em luar,A Lua acordou,Arrastando no céuSeu manto de arminhoCrivado de estrelas.Pálida e tristeA Lua brilhou!A noite cresceu,Num silêncioE envolveu num abraçoA face do Mundo.E nesse momento,Em que a noite desceuE a Terra abraçou,Uma estrela cadente,Fendeu o espaçoNum jacto de fogo.Uma estrela cadenteO céuinflamou!A estrela brilhouSómente um instanteNa área infinitaDo imenso universo.Depois se apagou.A treva extinguiuSeu rasto de luz.E a estrela caiuDo alto do céu,Na Terra sombriaOnde se perdeu.Uma estrela cadente,Enorme e luzente,Nasceu e morreuE ninguém a viu!Era a minha alma,Que vivia hesitanteEntre a Terra e o céu.E ninguém sentiu!....
VANDALICS
António Mesquita
John Carpenter, em "Escape from New York" (1981), mostra-nos a ilha de Manhattan, cercada de altos muros, convertida em prisão federal. Snake Plitssken (Kurt Russell), um famoso condenado, sob promessa da sua libertação é aí introduzido para tentar libertar o presidente dos States (Donald Pleasance), cujo avião teve de aterrar na ilha de emergência. Manhattan está entregue à sua própria desordem. E a caracterização da antiga metrópole da estátua da liberdade e das ainda de pé Torres Gémeas é um símbolo dessa desordem. As cenas do filme são quase sempre nocturnas e apenas percebemos os edifícios mais conhecidos, de perfil, por assim dizer. Os interiores em que se movimentam as personagens são degradados em extremo e deprimentes. As paredes estão todas cobertas de graffiti e dum emaranhado de riscos sem sentido. O cineasta considera na sua distopia sobre a sociedade americana a pichagem integral como senha do anti-social e da condição infernal dos párias e "excomungados". Lembra o bairro do Bronx duns anos antes, com a droga e o hip-hop.
A pichagem é, com certeza, uma prática tão antiga como os muros de Pompeia. Não raro, serviu de expressão a injustiçados, dissidentes e não-conformistas. A acusação de vandalismo não pode ignorar esse passado. Contudo, deveria ser possível distinguir a infecção da mensagem. Alguns dirão que o risco, só por si, ao desafiar a lei e a ideia urbanística prevalecente, é já uma mensagem. Como o assassínio e o fogo posto, crimes maiores. O que é que não fala em tudo o que fazemos?
Viemos dum verão em que não faltaram incêndios assustadores. E haverá quem compreenda o incendiário, sob o efeito do álcool ou duma ideologia primária, como alguém que quer ser ouvido e que recorre à violência das chamas para chamar a atenção ou declarar a sua revolta pessoal.
O Expresso de 12 do mês passado publicou um artigo de Joana Pereira Bastos sobre o tema, relatando o carácter mais sofisticado e militante de algumas pichagens, prática que terá tido origem no Brasil, o pixo:
"Com uma caligrafia inspirada no tipo de letra usado por bandas de heavy metal como Iron Maiden, criaram uma linguagem fechada que cobriu de spray milhares de edifícios e outras estruturas em São Paulo. Visto pela população como puro vandalismo, desprovido de valor artístico ou comunicativo, o movimento rapidamente se estendeu a várias regiões do Brasil e, mais tarde, a outros países. Em Portugal, tem vindo a espalhar-se nos últimos anos, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa, onde é visível nas paredes de inúmeros prédios, muitos devolutos mas também habitados, normalmente no cimo da fachada, a vários metros de altura."
Os habitantes de duas torres de apartamentos nos Olivais, por exemplo, acordaram com as paredes dos seus dez andares cobertos de traços pretos que não têm outro significado, senão revelarem a proeza que foi para os "artistas" escalaram a parede para pintar, andar a andar, sem serem notados, durante a madrugada. O que é novo aqui é a feição disciplinada e organizada do que não pode deixar de ser considerado um acto de barbarismo.
O Estado não pune, mas, pelos vistos sabe, porque a prática escreve a sua gesta nas redes sociais. E o município paga dois milhões por ano, sem poder reparar senão alguns raros casos.
A evidente ambiguidade do estatuto desta prática entre a arte e a borradela, entre o impulso anti-social e o gesto político tem, porém, os dias contados. Não que os cidadãos tenham superado essa indistinção ou tenham passado a desmentir a afirmação de Nietszche:
"Este viajante, que tinha visto muitos países e povos, e visitado várias partes do mundo, e a quem perguntavam qual era o carácter geral que tinha encontrado em todos os homens, respondia que era a sua inclinação para a preguiça.", mas porque a tecnologia vai permitir aos Estados passar além das hesitações e dos estados de alma em nome do bem de todos. Tão facilmente como colocar semáforos e aplicar as regras de trânsito. E eis como me vejo quase a subscrever a vigilância chinesa em nome da ordem urbana, só porque Carpenter carregou nas tintas.
No premiado filme "Grand Tour" (2024) de Miguel Gomes que é uma espécie de "Peregrinação" com outro Mendes Minto, alguém diz uma coisa que sempre se disse, mas que, com a Internet e o Global passou de moda. Disse que o homem ocidental não podia compreender o oriental. Talvez o marxismo capitalista dos Chineses caia sobre essa rubrica do desentendimento e a super-vigilância esteja só a apontar um caminho desconhecido.
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