Manuel Joaquim
Há dois dias a minha neta estava a estudar para a escola a Convenção sobre os Direitos da Criança. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos a ONU declara que as crianças têm direito a ajuda e assistência especiais. Reconhece também que para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade a criança deve crescer num ambiente familiar, feliz, com amor e compreensão, ser educada num espírito de paz, dignidade, tolerância, liberdade, igualdade e solidariedade. A convenção foi adoptada pela ONU em 1989, é válida em Portugal desde 21 de Setembro de 1990 e foi aprovada por 196 países.
Vendo os telejornais, deparamos com imagens e comentários sobre a morte de milhares de crianças e muitas mais feridas em resultado de bombardeamentos indiscriminados sobre populações indefesas. Como é possível isto acontecer e ouvir comentários de ilustres personagens da nossa terra a defenderem a continuação da guerra e não pronunciando uma única vez a palavra PAZ? Esta gente terá mente saudável? Não é possível!
Como será o comportamento daquelas crianças e daquela gente que escaparem à morte, mesmo estropiadas, perante a sociedade e os seus inimigos?
A sociedade não está a voltar à idade média como alguns dizem. A Idade Média foi um período onde apareceram condições para a organização da sociedade em novos moldes, para a criação das universidades, para o desenvolvimento das artes e das ciências. Em resultado das guerras a sociedade está simplesmente a ser destruída, o seu património e conhecimento destruídos.
Estamos em pleno período da discussão e aprovação do Orçamento do Estado para 2024. É do conhecimento de toda a gente os problemas nas áreas da saúde e da educação. Com a possível aprovação de 2% do PIB para o sector militar por imposição da NATO, para alimentar guerras, como vai ser o futuro?
Quando era criança, os meus Pais contavam-me uma lenda, a lenda de Pedro Sem, que era um mercador muito rico, com muitos barcos, e que, um dia, uma grande tempestade naufragou-os todos com todas as riquezas que possuía. E Pedro Sem passou a ser o Pedro sem Vintém.
João Correia Nunes, autor do romance histórico A Nora e os Alcatruzes, descreve a situação de Nuno Tristão, “em meia dúzia de anos de pescador quase modesto passou a principal armador do burgo e dos mais influentes homens bons da Câmara”. Que “ tinha na altura já mais do que precisava, mas menos do que queria” Meteu-se em grandes negócios e na política e o destino levou ao naufrágio de toda a armação. A desgraça chegou.
Miguel Esteves Cardoso, homenageado em Penafiel entre 23 e 29 de Outubro, na “Escritaria 2023”, numa das suas crónicas diárias, na passada sexta-feira, 20 de Outubro, no Público, com o título “A teimosia competitiva”, escreveu:
“A erosão existe. Está a ver aquela arriba majestática que preside à Praia das Gaivotas? Desabou. Levou tempo. Mas desabou. E sabem que mais? Não foram as vagas da tempestade que a deitaram abaixo: foram as ondinhas da manhã seguinte.
A chateza persistente é a fisga de David perante a cagança de Golias. David deve ter atirado duas mil pedradas e Golias virado de costas, a conversar com os fãs. Mas, a certa altura, Golias baixa-se para ver se apanha um mosquito que lhe está a picar a canela, e põe-se a jeito para levar com um calhau nos cornos.
Como se diz em latim, “Eu não tenho nada, mas sou chato como a potassa”?
Quantas pessoas fazem ideia do mal que passaríamos neste mundo sem a potassa?”.
Hoje, David está a usar mais que pedradas. Leva tempo mas tudo pode desabar. E nada será como dantes.
1 comentário:
Mas, afinal... em que ficamos?
De acordo com a história bíblica David atingiu, de facto, Golias com uma pedra lançada pela sua funda. Foi na cabeça e, tanto quanto é do meu conhecimento, Golias não tinha cornos. Se os tivesse (coisa impossível para um ser humano) e David lhe tivesse atingido esses "apêndices", a história decerto teria tido outro desfecho.
Por outro lado, David era israelita (judeu) e Golias era filisteu (ou, se lhe quisermos chamar, palestiniano).
Há uma completa inversão na situação atual (não bíblica): Golias veste agora o "equipamento" de judeu (israelita) e está a massacrar os filisteus (ou palestinianos).
E então? Não estará Golias (Israel), com todo o seu imenso poderio bélico, a preparar-se para "varrer do mapa" - aliás, da faixa de Gaza - o povo palestiniano, com a desculpa "esfarrapada" que o seu alvo são os terroristas do Hamas?
Na minha modesta opinião, Israel encontrou, finalmente, a "chave" que lhe vai permitir apoderar-se da totalidade do território, com a "benzedura" dos habituais.
Enfim... e ainda há quem tenha a distinta lata de afirmar que Putin deve ser julgado por crimes contra a humanidade...
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