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01/09/22

MESTRE DOS CHEFES

Manuel Joaquim


Maria de Lurdes Modesto


Falar sobre a guerra e das suas consequências para as pessoas é falar de assuntos sobre os quais muito pouco sabemos. As notícias que nos chegam são verdades inventadas por quem as fabrica, não retratando as verdades verdadeiras.

As elites militares ucranianas vão ter de tomar decisões políticas muito graves a curto prazo, no sentido de salvaguardar, no essencial, o que ainda resta, sob pena da continuação da guerra destruir um país que será irrecuperável.

É preferível falar da tão nobre homenagem que Miguel Esteves Cardoso prestou a Maria de Lurdes Modesto, falecida no passado 19 de Julho, aos 92 anos, numa das suas crónicas diárias que publica no O Público. Palavras simples para elogiar uma Mulher alentejana, de Beja, que registou e publicou parte significativa do património culinário português e foi Mestre da maior parte dos chamados “chefes” portugueses.

Considerando o livro de Maria de Lurdes Modesto “Cozinha Tradicional Portuguesa” como do melhor publicado em Portugal, referiu-se também ao livro “Vidas e Vozes do Mar e do Peixe”, de Maria Manuel Valagão, Nídia Braz e Vasco Célio, como o que melhor estudou a vida da pesca no Algarve, o tratamento do peixe e as receitas tradicionais.

Entre os dias 10 e 14 do mês de Agosto corrente, realizou-se na Gafanha da Nazaré, Ílhavo, o Festival do Bacalhau, por iniciativa da Câmara Municipal. Como habitualmente, dezenas de milhares de pessoas visitaram e encheram por completo os locais de restauração geridos por associações locais, onde se podia saborear o bacalhau cozinhado das mais diversas maneiras.

Uma das pessoas que aproveitou a iniciativa para promover um livro, “A…CORDA P’RÁ VIDA” e a sua própria pessoa, foi Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans. Todas as pessoas que se encontravam nas mesas foram por ele abordadas, fazendo a sua apresentação e do seu livro que é um guião para um filme. Gostei de o ler.

A Câmara Municipal de Ílhavo publicou dois excelentes livros – “Chora e feijão assado, A Gastronomia de Bordo na Pesca do Bacalhau” e “Samos, Caras e Línguas, A Gastronomia do Festival do Bacalhau”, com estudos muito interessantes sobre a “Gastronomia a Bordo” e uma “Retrospetiva histórica das Gastronomia de Bordo”. Este último estudo trata das origens e ressurgimento da pesca do bacalhau, da gastronomia de bordo na ideologia do Estado Novo, das condições alimentares dos navios bacalhoeiros, dos fornecimentos alimentares à frota bacalhoeira, das tendências da alimentação de bordo, da gastronomia de bordo e as convenções legais e das conquistas do pós-25 de Abril.

Só após o 25 de Abril a alimentação a bordo passou a ser igual para todos nos embarcados, foi abandonada a pesca à linha em dóris e os pescadores passaram a ter convenções colectivas negociadas com sindicatos.

Ambos os livros apresentam receitas tradicionais, como a célebre Chora, Arroz de Samos ou guisados com batatas ou de feijoada, Caldeirada de bacalhau, Caldeirada de espinhas, Caras de bacalhau fritas, Línguas fritas, Arroz de línguas, Feijão assado com peixe frito, Salada de bacalhau e muitas mais.

Faz crescer o apetite.

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