Manuel Joaquim
Segundo David Ricardo (1772-1823), “na marcha natural das sociedades os salários tenderão a baixar na medida em que forem regulados pela oferta e pela procura; na verdade, o número dos operários continuará a crescer numa progressão um pouco mais rápida que a da procura”
É dos jornais que os salários sofreram uma quebra de 13,5% em resultado da pandemia que vivemos. Segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional foram inscritos até Outubro passado mais de 185.000 trabalhadores precários. E o número de desempregados cresceu mais de 127.500.
Vários organismos de solidariedade têm alertado as autoridades para o risco de pobreza em que se encontram mais de 500.000 trabalhadores que trabalham.
Falando da União Europeia, é de registar que a própria ONU, através do seu boletim de 30 de Janeiro passado, alertou para os riscos de pobreza. É importante ter presente que 20% da população europeia é pobre.
Entretanto, a economia de casino continua em alta. A especulação imobiliária, a economia informal ou paralela, as fugas aos impostos pelas grandes empresas nacionais e internacionais com a conivência das próprias autoridades, o tráfego de droga às toneladas, o branqueamento de capitais através dos clubes de futebol, vai tudo de vento em popa.
As máquinas de lavar cérebros estão a ser afinadas para distrair as pessoas das coisas importantes que vão agravar as suas condições de vida. A bazuca, arma de grande calibre e poder de fogo, está a transformar-se em vitaminas. As pessoas ficam quase paralisadas quando ouvem falar em milhões, pensando que vai ser um mar de rosas. Pura ilusão. O dinheiro vai para os bolsos dos mesmos de sempre, para o grande capital. Muitos financiamentos que estão a acontecer estão a ser canalizados para a especulação imobiliária e para o mercado de capitais. O investimento público não vai ter efeitos multiplicadores significativos na economia e no emprego. O aumento do salário mínimo, como foi provado após o período da troika, tem efeitos positivos não só directamente para os trabalhadores mas para toda a economia. O aumento do salário mínimo implica o aumento das indemnizações e pensões de acidentes de trabalho, dos prémios dos seguros, o aumento do consumo de bens alimentares, de vestuário de calçado, etc..
O movimento sindical defende o aumento do salário mínimo para 850 euros e tem razão. Mas o patronato, aumentando os salários diminui os lucros. É a Lei de Ferro dos Salários que Ferdinand Lassalle, um dos fundadores do PSD alemão denunciava, baseado na Lei dos Salários de Ricardo, que os salários a longo prazo tendiam para o nível mínimo necessário para sustentar a vida do trabalhador e prover à sua reprodução. A escravatura antiga reproduzida nos novos tempos.
Sem comentários:
Enviar um comentário