Manuel Joaquim
A convite do Tenente-General Vice-Chefe do Estado Maior do Exército, do Major-General da Direcção de História Militar e do Coronel Director do Museu Militar do Porto, realizou-se uma conferência no Museu Militar, no passado dia 25 de Novembro, sobre o tema “O Norte e o 25 de Novembro” que teve o Doutor Adriano da Fonseca Rodrigues e o Coronel José Manuel da Glória Belchior como oradores. O local estava cheio de assistentes, a maior parte militares e ex-militares, muitos das associações de combatentes e de ex-comandos.
A visão muito parcial e deturpada dos acontecimentos, os manifestos preconceitos ideológicos levam-me a constatar que continua a existir uma forte presença de grupos sociais arreigados a valores do antes do 25 de Abril e que exercem influências muito grandes a muitos níveis da sociedade, na comunicação social e nos diversos órgãos de soberania.
O Presidente da República tem às suas ordens e ao seu lado toda a comunicação social. A toda a hora entra nas casas das pessoas falando de tudo. É ele que vem dizer que vai ser preciso meter mais mil milhões no novo banco, que vai ser preciso apoiar a comunicação social, que o orçamento de Estado é positivo e que o salário mínimo aprovado pelo governo está bem. Hoje foi mostrado no Pingo Doce, a escolher esparguete italiano e a mostrar que gastou oitenta e tal euros nas compras para a campanha de recolha de bens alimentares, dizendo que queria factura com o número de contribuinte se não era notícia para o Correio da Manhã. Não sei que papel de muleta ele faz para o governo, se negra, se de outra cor. O Rangel, que esteve na televisão, um dia disse que era capaz de fazer um presidente de um toco de vassoura. O antigo fazedor de factos políticos já o é.
No mesmo caminho vai um partido político que já existe há cerca de seis anos mas que praticamente ninguém deu pela sua existência durante esse tempo. Agora, primeiras páginas de jornais e prime-time das televisões, comentadores de todos os cantos, aparecem a fazer comentários sobre a deputada desse partido na Assembleia da República. Nas entrelinhas da escrita e das palavras denotam-se preconceitos doentios que pretendem condicionar a opinião pública, justificando o afastamento de quem lhes serviu de pau-de-cabeleira, para aparecerem na ribalta os seus verdadeiros mentores, pessoas importantes da área do poder político e não só, e o próprio partido.
Questões fundamentais para os portugueses não são dadas a conhecer. Na 3ª Comissão da ONU, 121 países aprovaram a moção “Combatendo a glorificação do nazismo, do neonazismo e outras práticas que contribuem para alimentar as formas actuais de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância relacionada”. Votaram contra EUA e Ucrânia. Os países da EU, incluindo Portugal, abstiveram-se. O ministro da Defesa anuncia um aumento muito significativo de investimento em equipamento militar ao longo dos próximos anos. A nível do governo há desacatos por não haver dinheiro para a saúde, educação, salários, etc., mas para os militares e Nato não se discute, gasta-se.
A personagem, que dá por ministro, que mandou militares armados para a Venezuela para depor o governo de lá, ainda não disse nada sobre a Bolívia, a Colômbia, o Chile. Certamente ainda não recebeu instruções externas para o fazer.
Há políticos que se deixam embebedar pelo poder e pelos círculos que frequentam. Desconhecem as realidades que muitas das vezes não coincidem com os seus desejos. A roda da História trituram-nos. Arrastam sociedades inteiras para o desastre como aconteceu no século passado. Esperemos que não venha a acontecer nos próximos tempos.
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