Manuel Joaquim
Na tarde do dia 25 de Abril realizou-se no Ateneu Comercial do Porto um grande concerto musical, dirigido pela maestrina Lígia Castro, no qual participou o par de dançarinos Isabel Costa e Nelson Pinto.
Participou também um grupo coral, constituído por meninas do Lar Rosa Santos, que fez a sua primeira apresentação pública e que está a ser trabalhado há muito pouco tempo por Lígia Castro. Todas as jovens demonstraram muitas qualidades.
O Lar Rosa Santos é uma IPSS que faz o acolhimento de crianças e jovens do sexo feminino em situação de risco. Está instalado num belo edifício, situado na esquina da Rua João Pedro Ribeiro e Rua Faria Guimarães, no Porto, que tem nas partes superiores das fachadas, em azulejo, os nomes de “Castilho”, “Camões”, “Gil Vicente”, “A Garrett”, “João de Deus” e “A Herculano” e na pequena fachada virada ao cruzamento das ruas o busto de Rosa Santos.
O edifício foi doado nos princípios do século XX por António Maria do Santos para ser a Escola Rosa Santos, e alojar cerca de 200 crianças de ambos os sexos, conforme consta em Diário da República de 14 de Janeiro de 1920, quando era Presidente da República António José de Almeida.
Em 1952 o Presidente da Junta Distrital do Porto entregou a Instituição a uma comunidade religiosa católica. Actualmente tem cerca de cinquenta jovens.
No concerto foi lido um poema escrito por uma das jovens do grupo coral, Rute Sofia Marques Oliveira, de 17 anos de idade, publicado no programa distribuído, que pelo seu conteúdo merece ser divulgado, pelo que assim o faço:
“Morar num colégio
É crescer mais rápido
É ser criança, com um pensamento avançado
É olhar menos para o presente,
E mais para o passado
É querer voar ainda que tenha medo de partir
É ter vontade de chorar
E ainda assim continuar a sorrir
É olhar pelas janelas fechadas
A vida que passa lá fora,
É viver entusiasmada
Pela minha verdadeira hora
Aquela hora incerta
Em que um futuro nos espera
A que não permanecemos mais dentro
E o mundo nos liberta.
Mas entretanto os anos vão voando
Liberdade é aquela nossa feliz certeza
Que com os anos vão passando
Vira uma pura tristeza.
E o que vira triste
Não é a vida que seguimos
É a necessidade de ter alguém
Que um dia conseguimos
Esse alguém que agora não damos valor
Mas que um dia mais tarde
Por mais velhos que estejamos
Iremos recordar com amor
Nesta minha pequena caminhada
Uma coisa eu aprendi
Tenho que aproveitar a vida que me é dada
Porque mais tarde irei dizer que a perdi…
Rute”
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