António Mesquita
Cláudio (10 a.C. /54 d.C.) |
“Ora a multidão sabe que o espectáculo é feito para ela, que ela é a rainha da festa e que as autoridades lhe querem agradar; a multidão sente-se em sua casa no Circo e nos teatros (e, também, nos dias de agitação política, é para lá que corre para se reunir e manifestar). Os espectáculos são a sua festa, o editor dos jogos, seja ele o imperador, põe-se ao seu serviço nesses dias e humilha-se diante dela.”
“Le pain et le cirque” (Paul Veyne)
Cláudio tratava por senhores (domini) os espectadores, “ele a quem , como soberano, a multidão chamava normalmente “nosso senhor” (dominus noster). A demagogia dos regimes democráticos modernos nem sequer se aproxima disto, desde logo porque lhes falta uma relação pessoal entre as massas e o poder supremo.
Mas a publicidade é outra coisa. Realmente, o consumidor é adulado pelos serviços de venda e parece ele o verdadeiro “rei da festa”.
Se o imperador romano condescendia com os gostos populares (e mesmo Augusto pedia desculpa por não estar sempre presente nos jogos), fazia-o em virtude, apesar de tudo, dum republicanismo residual nos espíritos, embora mais sensível no tempo dos primeiros Césares.
Enquanto que a publicidade nos trata como certa pedagogia trata as crianças cujos desejos são expressões de liberdade e excelência.
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