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01/09/17

EU, DEMÓCRITO


Mário Martins



Democritus, Hendrick ter Brugghen, 1628




“Por definição há cor. Por definição há doce. Por definição há amargo. Mas na realidade há átomos e espaço.”

Demócrito

Porque não gozo - ó vã glória! da fama do meu contemporâneo Sócrates, ou de vindouros como Platão e Aristóteles, eu que “descobri” os átomos, com o meu mestre Leucipo, há cerca de 2.400 anos? E, no entanto, não havia ciência e muito menos aceleradores de partículas; a ciência como disciplina e método haveria de esperar mais de dois longos milénios até a cabeça de Newton oficialmente a inaugurar. É certo que tenho boa reputação nos meios científicos; ainda um destes dias, em dia de folga do Além, pude ouvir, não sem uma ponta de vaidade, num documentário de divulgação científica do canal História, que as minhas ideias sobre a física estavam fundamentalmente certas. Para o meu tipo de pensamento “fora da caixa” o cosmos, infinitamente grande e onde existiriam muitos outros mundos como o nosso, não era governado por Deus(es) mas sim pelo movimento imanente ou auto-criador. É pena não estar autorizado pelas regras absolutas do Além a divulgar se estas minhas concepções estavam certas ou erradas, mas compreendo que é melhor para a humanidade Religião e Razão continuarem a coexistir. Os pintores do Renascimento retrataram-me como “o filósofo que ri”; talvez o riso explique a minha longa vida de 90 revoluções celestes…

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