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07/06/17

O SILÊNCIO

António Mesquita




"O Silêncio" (1963-Ingmar Bergman)



"A interioridade do mental, é isso talvez originalmente, essa falta de audácia em afirmar-se no ser e na sua pele. Não o ser-no-mundo, mas o ser-em-questão."

"Entre nous" (Emmanuel Lévinas)

É a queixa de Anna (Gunnel Lindlom) a sua irmã Esther (Ingrid Thulin), no filme de Bergman, "O Silêncio".

Por que é que ela se obstina, desde a morte do pai, a procurar um sentido para a vida? Porquê essa má consciência que se alimenta, precisamente, da sua vida interior, quando bastava entregar-se aos instintos do corpo saudável e simplesmente ser?

Mas é o que também se torna impossível a Anna, para quem a libertinagem e a perseguição do prazer são uma espécie de desforra perante o ascendente intelectual da irmã e, de facto, uma auto-tortura.

Este duelo sororal poderia ser um belo comentário à teoria do Rosto do Outro (Lévinas) e da responsabilidade que faz nascer em nós, anterior a qualquer experiência ou juízo.

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