António Mesquita
"O Silêncio" (1963-Ingmar Bergman)
"A interioridade do mental, é isso talvez originalmente, essa falta de audácia em afirmar-se no ser e na sua pele. Não o ser-no-mundo, mas o ser-em-questão."
"Entre nous" (Emmanuel Lévinas)
É a queixa de Anna (Gunnel Lindlom) a sua irmã Esther (Ingrid Thulin), no filme de Bergman, "O Silêncio".
Por que é que ela se obstina, desde a morte do pai, a procurar um sentido para a vida? Porquê essa má consciência que se alimenta, precisamente, da sua vida interior, quando bastava entregar-se aos instintos do corpo saudável e simplesmente ser?
Mas é o que também se torna impossível a Anna, para quem a libertinagem e a perseguição do prazer são uma espécie de desforra perante o ascendente intelectual da irmã e, de facto, uma auto-tortura.
Este duelo sororal poderia ser um belo comentário à teoria do Rosto do Outro (Lévinas) e da responsabilidade que faz nascer em nós, anterior a qualquer experiência ou juízo.
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