António Mesquita
(MRI scan could replace IQ test for measuring human intelligence | Genetic Literacy Project) |
"Aproveitai os vossos anos de juventude para serdes inteligentes. Depois dos trinta, já não há imbecis."
(Alain)
A posição, o prestígio, o ordenado fecham os horizontes; quando muito, os felizes contemplados 'desenvolvem', como diziam os admiradores de Debussy sobre o velho Brahms. Conhecem a emulação dos pares, o casulo de um poder sempre relativo, mas eloquente.
Kant chamava de 'sono dogmático' a essa complacência dos jovens velhos. O museu das competências cheira a naftalina.
Haverá então uma idade, um momento para roubar a chave da inteligência? Seja como for, passado esse tempo, a máscara e o traje, a 'importância' expulsam o inconformismo e o pensamento livre que têm sempre o mau hábito de expor as nulidades.
Mas claro que a crítica 'à Molière' não nos ajuda muito a compreender a situação. Os importantes prestam-se ao ridículo como nos mostra o teatro. Mas a inteligência não esgota o seu papel na defesa das posições conservadoras. Para lá do 'status quo', a inteligência procura o seu suplemento de alma. É como quando se diz que o revolucionário começou a trair desde o momento em que pensa pela sua cabeça e tem fins próprios independentes da causa.
Esse suplemento, na lógica da 'catequese', é no fundo 'diabólico'. É por isso que o destino de tantas grandes e generosas ideias é o de acabaram a fazer o contrário do que prometiam e serem parte do ominoso obstáculo que a jovem inteligência tem de vencer, apenas armada pela sua coragem.
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