A Durão Barroso e ao seu novo emprego podia aplicar-se o que Tony Judt dizia de Tony Blair: "Blair transmite um ar de profunda convicção, mas ninguém sabe bem no quê. Ele não é tanto sincero como Sincero."
Também o ex-presidente da Comissão Europeia, depois da sua espectacular 'mudança de casaca', enfiando-se a pés juntos pelas fauces adentro do capitalismo, resplandece de convicção e ungido por um amor indefectível à causa da liberdade de escolha.
Conseguirá resistir à onda de reprovação que provocou entre os seus antigos aliados?
Como diz ainda Judt: "Não há qualquer calculismo na não-autenticidade de Tony Blair. Ele adquiriu-a honestamente, digamos assim." Talvez Barroso, tal como Blair, simplesmente, goste de ricos." (presunção de Charles Moore, do 'Daily Telegraph' sobre o ex-primeiro ministro britânico)
Tudo se passou, como naquelas drásticas mudanças de partido, 'com armas e bagagens' e declarações pomposas a que a veia sarcástica de Eça nos habituou, em pérolas como o 'Fradique Mendes'. E nós que, pelo menos indirectamente, chegámos a sentir algum orgulho por um compatriota ter ocupado um posto de tanto prestígio, só podemos deixar esvaziar o balão.
Mas não é preciso procurar de lanterna as convicções sinceras e fundadas. Só não podem seguir a carreira de cortesão.
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