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01/05/16

MULHERES


Mário Faria
(Svetlana Alexievich)


Esta semana foi um bico-de-obra. Teodora Cardoso não confia nas heurísticas desenhadas pelo Centeno e que sustentam o orçamento e o pacto de estabilidade. São dois documentos optimistas, denuncia, vigorosamente. Suponho que estaria mais confortada com um modelo pessimista ou realista e que a racionalidade económica reclama, como gostam de lhe chamar os politicamente correctos dos a-tina-dos. Ou simplesmente será uma forma de fanatismo que tomou conta das universidades e dos media? É difícil perceber, tanto dogmatismo tendo em conta que a política de cortes e restrições fez crescer generosamente a dívida. Então o que ganhámos? O direito que o BCE nos empresta para chegar aos mercados e emitir mais dívida para suportar o monstro. E quem é nosso amigo? A improvável DBRS do Canadá. Mas, a besta continua a crescer, inexoravelmente. Detesto o estilo da senhora: é uma forma insuportável de ser Cavaco. 

Maria Luís é da mesma escola, mas tem uma cara marota e um corpo bem estruturado. E raiva, o que é sempre positivo, num político e numa política. E não engana, nem usa uma voz pastosa e irritante. Catarina e Mortágua não lhes ficam atrás. Mas, estão mais serenas. E daí, toca a inventar o cartão de cidadania. O Costa diminuiu-lhes o ímpeto, pois claro. Dadas as circunstâncias, estar de acordo é muito mais complicado do que ser do contra. Assunção Cristas é uma sopinha de massa a copiar desastradamente o o estridente senhor dos submarinos. O tom de falsete denuncia o despropósito radical. O PCP e o PS estão menos bem servidos de mulheres como primeiras figuras políticas. O PCP não tratou de substituir a Zita Seabra e o PS ficou refém com o desaire de Maria de Belém. Não se cuidem, não, esta igualdade de géneros veio para ficar. Mas, não só isso: faz-lhes falta uma primeira-dama.

Dilma espera pelo Senado para receber a confirmação do impeachment. A Presidente do Brasil é acusada de ter cometido crime por ter assinado seis decretos de crédito suplementar que não aumentou os gastos do governo e é uma prática regular dos governos estaduais. Os coronéis e os evangélicos comandam a direita caceteira que se (re)instalou no Brasil. Marcela de 32 anos, casada com o putativo futuro presidente do Brasil (Michel Temer), 43 anos mais velho, é reconhecida como um verdadeiro exemplo do modelo feminino tradicional: a mulher casta e reservada, cujos dias consistem em tratar da casa e cuidar do filho e que se sujeita a viver na sombra do marido. Sempre fiel. Nada consta como é no momento do rebolo. Já a mulher do Ministro do Turismo, Milena Santos, vencedora do concurso de Miss Bum-Bum em Miami em 2013, foi apresentada publicamente através de uma reportagem fotográfica que publicou no facebook. Voluptuosa e generosamente decotada, a Primeira-Dama do Turismo, como se classifica, foi muito criticada pela vulgaridade das fotos. Os sectores da direita consideram Milena uma fiel representante da mulher-modelo do PT. 

Svetlana Alexievich, prémio Nobel da literatura, declarou em entrevista que “… acredito nas pessoas, embora elas por vezes me assustem. O comunismo era uma ideia boa, bonita, no início. E acho que não está morto. O comunismo vai voltar, mais à frente no tempo … talvez venha a acontecer num país desenvolvido, como a Suécia. Vejo muitos elementos socialistas nas sociedades europeias”. Esperemos, pois o seu regresso!

Por fim, um bem-haja a todas as mães. Das sogras não reza a história. 

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