Contrariado, acompanhei a minha mulher na festa de Natal que o Inatel organizou e decorreu nas Termas de S. Pedro do Sul. 120 pessoas alinharam e participaram de forma muito animada. Viajamos em três autocarros de excelente porte. A idade média dos convivas, era alta, muito alta. Parámos em Vouzela para visitar a Vila Natal: as iluminações da rua das meias, das prendas, das flores e a ponte da rede ferroviária, muito elegante e belíssima quando as luzes a encheram de cor, valeram a pena ver. Visitamos o museu local com uma exposição de fotografia, uma série de salas dedicadas ao “fabrico do linho” e outras com muita “pedra” do período românico. Um dos mais jovens veteranos do grupo, estudioso da presença dos romanos na península ibérica, desatou a fazer perguntas à guia e, já de saída, questionou-a sobre a origem e presença do cavalo de Lafões e se lhe poderia deixar alguma pista ou literatura sobre o tema. A guia que estava um pouco saturada das sucessivas perguntas do jovem-veterano, respondeu-lhe: “de Lafões só conheço a vitela assada”. Não ficou melindrado com a resposta e não desistiu de pesquisar, apesar deste primeiro insucesso. Tive a oportunidade de assistir que, em todas as paragens, caminhos, lojas e igrejas, o moço-veterano insistiu sempre na mesma pergunta: “…. e o Cavalo de Lafões”. Infelizmente, não conseguiu uma resposta que o apoucasse. A noite, já nas termas de S. Pedro do Sul, foi de intensa alegria. A animação foi deslumbrante: umas pequenas a cantar motivos natalícios que ninguém ouviu tal o barulho ambiente e, depois, foi dança, muita dança. As viúvas eram as mais animadas, as divorciadas faziam por isso e as casadas serviam-se da coisa para aquecer o motor de arranque dos companheiros. Voltamos ao hotel e dormimos sob um frio polar: o ar condicionado tinha avariado. No dia seguinte, visitamos as termas, seguindo a história e identificando alguns dos notáveis que lá curaram as maleitas, sendo que D. Afonso Henriques lá morou durante uns meses, depois de ferido gravemente numa perna, na batalha de S. Mamede. Apesar do frio, a água brotava quentinha, quentinha. Gostei. Ainda passamos por Viseu que vi numa pressa e com um sobressalto: local com uma exposição de fotografia, uma série de salas dedicadas ao “fabrico do linho” e outras com muita “pedra” do período românico. No dia seguinte, visitamos as termas, conhecemos a sua história e à tarde visitámos Viseu. Só animei quando voltei ao autocarro para regressar ao Porto. Nem a chuva me incomodou. Para o ano, prometo não voltar “Olá, está bom? Lembra-se de mim? Sou o Reguila, o Paulo Reguila, mais conhecido pelo Pé de Salsa e estive consigo na tropa. Está muito bem, os anos parecem não ter passado por si?” Depois do abraço sentido, agradeci o cumprimento, disse as coisas da praxe e fui recordando o artista: jovial, bom aspecto, bem disposto, pera franzina, divertido e especialista em bolas fora. Sem me deixar falar, foi-me dizendo que tinha ido trabalhar para a Suíça onde se mantivera durante muitos anos, tendo regressado após a reforma. Disse-me, ainda, que tinha algumas representações de produtos topo de gama e apresentou-me um estojo que abriu para exibir dois relógios de excelente perfil que me pôs na mão, esclarecendo: “Isto é do melhor. Peço-lhe confidencialidade, pois não estou autorizado vender a preços que não os cotados pela marca. Para si, leva esta pechincha por 50€”. Fiquei estupefacto e sem palavras. Valeu o buzinão do autocarro para chamar os retardatários. Apressadamente, entreguei-lhe o estojo e despedi-me, justificando: “estão à minha espera, para regressar ao Porto. Foi um gosto encontra-lo e se viajar para os meus lados, apareça. Bom Natal e Bom Ano Novo. Até à próxima”. Cumprimentei-o sem lhe dar tempo para reagir e fugi para o autocarro em passo muito ligeiro. Safei-me bem. Cheguei ao Porto são e salvo e não me parece que conste do meu calendário mais festas de Natal, deste tipo. Uma coisa ganhei: o enorme desejo de pesquisar e aprofundar toda a verdade sobre o Cavalo de Lafões.
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