António Mesquita
Umberto Eco |
"Não há nada de relativista no defender que a
realidade é sempre definida de um ponto de vista particular (o que não
significa subjectivo e individual);"
(Umberto Eco)
Como se sabe, uma opinião não partilhada por mais ninguém pode ser mais objectiva do que outra, colectiva e partilhada por muitos.
A diferença é que, no primeiro caso, se parte 'dum ponto
de vista particular' sobre a realidade e que, no segundo, se parte da opinião dos outros.
Não se pode 'pensar pela própria cabeça' e 'beneficiar' do
conforto intelectual que qualquer grupo nos dá em troca de afundarmos todos os
pontos de interrogação em calor humano e gordura.
É também sabido que o argumento de que todas as opiniões são
relativas ao 'ponto de vista' de cada um e por isso que nada há nelas de
'universal', impede o estabelecimento da verdade.
Note-se que, porém, existe um sofisma por detrás deste
raciocínio. O que a maior parte das pessoas entende por 'ponto de vista' é
semelhante àquilo que consideram como opinião.
No entanto, o ponto de vista de que fala Eco é mais um
lugar no espaço e numa situação. Quem quer que seja que realmente pense a partir desse lugar e dessa situação pode atingir o universal, isto é, o que é válido para todos os que fizerem como ele. Isto é quase dizer que o real tende para o único. Quanto mais particular, mais universal.
Parece um paradoxo, é claro, que o que é válido para todos seja a sua qualidade de serem exclusivamente eles próprios.
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