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01/11/12

SOFISMA

António Mesquita

Umberto Eco



"Não há nada de relativista no defender que a realidade é sempre definida de um ponto de vista particular (o que não significa subjectivo e individual);"

(Umberto Eco)



Como se sabe, uma opinião não partilhada por mais ninguém pode ser mais objectiva do que outra, colectiva e partilhada por muitos.

A diferença é que, no primeiro caso, se parte 'dum ponto de vista particular' sobre a realidade e que, no segundo,  se parte da opinião dos outros.

Não se pode 'pensar pela própria cabeça' e 'beneficiar' do conforto intelectual que qualquer grupo nos dá em troca de afundarmos todos os pontos de interrogação em calor humano e gordura.

É também sabido que o argumento de que todas as opiniões são relativas ao 'ponto de vista' de cada um e por isso que nada há nelas de 'universal', impede o estabelecimento da verdade.

Note-se que, porém, existe um sofisma por detrás deste raciocínio. O que a maior parte das pessoas entende por 'ponto de vista' é semelhante àquilo que consideram como opinião.

No entanto, o ponto de vista de que fala Eco é mais um lugar no espaço e numa situação. Quem quer que seja que realmente pense a  partir desse lugar e dessa situação pode atingir o universal, isto é, o que é válido para todos os que fizerem como ele. Isto é quase dizer que o real  tende para o único. Quanto mais particular, mais universal.

Parece um paradoxo, é claro, que o que é válido para todos seja a sua qualidade de serem exclusivamente eles próprios.


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